A expectativa era de uma visita aborrecida em local distante de suas casas, que não conheciam. Porém, não foi o que aconteceu com cerca de 30 jovens, entre 13 e 19 anos de idade, de áreas consideradas de alta vulnerabilidade social do município de Lauro de Freitas, que estiveram na última quarta-feira (20) no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA) e ficaram surpresos com o que viram no local.

“Foi uma novidade. Adorei. Geralmente associamos museu a coisas velhas e aqui vi a história, a atualidade e o contemporâneo reunidos”, afirmou o estudante Breno Luiz, do bairro de Areia Branca, referindo-se à exposição ‘Estranhamennte possível’ dos videoartistas Mauricio Dias (carioca) e Walter Riedweg (suíço), em cartaz no MAM-BA até o próximo dia 22 de julho.

A visita aconteceu graças à parceria entre Secretaria de Assistência Social e Cidadania do Município de Lauro de Freitas e a Universidade do Estado da Bahia (Uneb), com apoio do Núcleo de Arte Educação do MAM-BA.

Programação interativa

“Esses jovens não conheciam nenhum museu. O MAM é um lugar lindo e gratuito, com programação diversificada, interativa e dinâmica”, disse Luciana Moreno, professora da Uneb. Ela acompanhou os alunos, que realizam atividades no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) da Prefeitura de Lauro de Freitas, onde desenvolvem círculos de leitura e interpretação.

Com essa prática, Luciana faz também pesquisa de campo para o seu doutorado na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio Grande do Sul. Segundo afirmou, a visita possibilitou que os jovens acessassem os bens culturais com satisfação, diversão e ampliação de conhecimentos.

Para Luciana, ao se depararem com a exposição ‘Estranhamente possível’ os jovens encontraram arte com tecnologia de última geração em local antigo, como o Solar do Unhão, sediado em antigo engenho do século XVII, às margens da Baía de Todos-os-Santos, tendo ao seu lado a comunidade secular do Unhão, originada por pescadores que fizeram ali as suas moradias.

Arte contemporânea

Solar, capela, antigas áreas de desembarque marítimo e armazéns, além de áreas verdes, compõem o espaço. Preciosos detalhes histórico-arquitetônicos, construções barrocas, fontes, portais, chão de pedras roliças, azulejos portugueses, telhado colonial, café-bar e bela vista da baía complementam o belo cenário.

“Hoje, toda a estrutura é utilizada para mostras, atividades educativas e artístico-culturais. A maior parte acaba por proporcionar, ainda, um diálogo intenso e profícuo entre os quatro séculos das edificações e a arte contemporânea produzida na Bahia, no Brasil e no mundo, como a exposição de Dias&Riedweg”, relata a diretora do MAM-BA, Stella Carrozzo.