“A Rede Nacional de Pesquisa em Energia Eólica tem como principal objetivo formar um ciclo virtuoso, criando uma conexão forte entre governo, indústria e instituições de pesquisa”. A afirmação da presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Élbia Mello, foi feita nesta quarta-feira (27) durante a apresentação do projeto, em Salvador, em conjunto com o professor Délberis Lima, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – (PUC-Rio), na Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração, no CAB.

O projeto foi apresentado nos principais estados que têm atividades geradas pelos ventos – Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Ceará, Pernambuco e na Bahia, onde foi encerrado o ciclo de discussões sobre a rede, colocando o estado definitivamente na rota da energia eólica brasileira. Participaram na discussão, representantes de instituições de ensino e pesquisa, de fábricas de equipamentos e parques eólicos.

“Queremos estimular as instituições de pesquisa, de ensino técnico e superior a atuarem de maneira conjunta formando novos profissionais para este mercado e adaptando a tecnologia às condições nacionais”, disse o professor Délberis Lima.

De acordo com Élbia Mello, com o projeto da rede pronto e a rodada de negócios encerrada, os próximos passos são a criação da plataforma virtual, a busca por parceiros e a assinatura dos convênios. “Se tudo correr dentro do cronograma, vamos fazer o lançamento da rede nacional no Brazil Windpower no final de agosto”.

Rede de pesquisa

Segundo o professor e pesquisador Osvaldo Soriano, a montagem da rede é fundamental para fazer o tripé governo, indústria e instituição de pesquisa funcionar, ajudando principalmente as universidades a ficarem atentas às necessidades da indústria e aliar suas pesquisas diretamente a essas lacunas.

Para o conselheiro da Renova Energia, Renato Amaral, a rede de pesquisa vai ajudar no desenvolvimento de técnicas que possibilitem a nacionalização das máquinas brasileiras. “Os equipamentos que utilizamos hoje são fabricados para ventos diferentes dos existentes no Brasil. A questão climatológica é um bom exemplo disso. As máquinas são feitas para suportar temperaturas abaixo e acima de 50º graus e aqui não temos necessidade disso”. Segundo ele, com a tropicalização dos equipamentos, o custo dos equipamentos e da manutenção seria menor.

O diretor de pesquisa e desenvolvimento da Aeris, Vitor de Araujo Santos, disse que está otimista com a criação da rede. “Nela, poderemos encontrar diversos projetos voltados especificamente, no nosso caso, para as pás eólicas, nos permitindo entrar em contato com pesquisadores que possam nos auxiliar com os resultados desejados para os nossos objetos de estudo”. Ele acredita que o maior ganho da criação da rede é a formação dos recursos humanos específicos para o desenvolvimento de novas tecnologias para o setor.

Contribuição baiana

A energia eólica se tornou um dos segmentos de maior desenvolvimento do Estado nos últimos anos. Além de incentivar a implantação dos parques eólicos e do polo industrial de fabricação de equipamentos, o governo pretende criar uma rede estadual de energia eólica para congregar empresas, indústrias e universidades. O secretário executivo da Câmara de Energia, Rafael Valverde, apontou os recursos eólicos, a operação e manutenção dos parques e a nacionalização dos equipamentos como áreas de interesse para a atuação da rede. “Acredito que esta iniciativa seja de grande contribuição para a rede nacional”.