A Petrobras, após 30 anos sem construir plataformas de perfuração autoelevatória, batizou nesta sexta-feira (13), em São Roque do Paraguaçu, no município de Maragogipe, no Recôncavo Baiano, a Plataforma P-59. A ação marcou a retomada das atividades no canteiro, onde ocorreu a solenidade, com a presença da presidente da República, Dilma Rousseff, do governador do Estado, Jaques Wagner, da primeira-dama, Fátima Mendonça, madrinha da P-59, e da presidente da Petrobras, Graça Foster. O evento foi realizado depois do lançamento da pedra fundamental do Estaleiro Enseada do Paraguaçu.

A conclusão da P-59 é um importante marco para indústria naval brasileira e representa a retomada da produção nacional deste tipo de plataforma, já que há quase 30 anos não eram construídas, no país, unidades autoelevatórias similares.

A nova plataforma de perfuração autoelevatória será alocada primeiramente no poço exploratório Peroá Profundo, localizado no campo de Peroá, na costa do Espírito Santo. Poderá operar em locais onde a profundidade de água varia de 10 a 106 metros, com capacidade de perfurar poços de até 9.144 metros de comprimento, em condições de alta pressão e temperatura.

No total foram investidos cerca de US$ 360 milhões na construção da plataforma. De acordo com a presidente da Petrobras, Graça Foster, a P-59 tem a finalidade de atender aos cronogramas operacionais de exploração e produção da companhia nos próximos anos e dar suporte à eventual estratégia de incorporação de novos blocos exploratórios em águas rasas.

Tecnologia única

Foster afirmou que a tecnologia utilizada no canteiro de obras em São Roque do Paraguaçu é única no mundo, o que demonstrou a capacidade da estatal em inovação. Segundo ela, outros investimentos estão previstos para a Bahia como, por exemplo, a construção de sondas da Petrobras no Estaleiro Enseada do Paraguaçu.

P-60 em construção

Além da P-59, está sendo construída, no canteiro de São Roque do Paraguaçu, a P-60, que deve ser concluída até agosto. Os contratos de construção das duas plataformas foram assinados em setembro de 2008, com o Consórcio Rio Paraguaçu. As unidades fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal.

“Diziam que o Brasil não tinha capacidade para produzir plataformas. Mas, nós insistimos, e deu certo. Somos construtores de plataformas, somos construtores de muitas coisas. Descobrimos o petróleo, quando todo mundo achava que no Brasil não existia, e descobrimos o pré-sal. Por que não iríamos construir plataformas? O que está ocorrendo aqui é o caminho do futuro. É afirmação de que podemos construir plataformas e fazer muito mais”, disse a presidente Dilma Rousseff.

A P-59 é composta por um casco flutuante, que pesa aproximadamente 11 mil toneladas, com três pernas retráteis independentes de 145 metros de altura cada e que podem movimentar-se para cima e para baixo por meio de sistema elevatório próprio (jack up). O equipamento será posicionado nas locações por rebocadores e as pernas apoiadas no leito marinho. Depois de fixada, a unidade permanece acima do nível da água, deixando o casco e os equipamentos de perfuração longe da movimentação das ondas do mar.

“Durante muito tempo a indústria naval da Bahia ficou estagnada, mas, felizmente, o governo federal e a Petrobras trouxeram de volta a indústria naval da Bahia. Estamos orgulhosos porque a tecnologia utilizada no canteiro de São Roque do Paraguaçu é única no mundo. Hoje, mostramos aqui a nossa capacidade de construir plataformas, de ajudar a desenvolver o Brasil”, enfatizou Jaques Wagner durante discurso.

Empreendimento impulsiona desenvolvimento na região do Recôncavo

A P-59 não significa uma conquista apenas para a Petrobras e o Brasil de forma geral, mas principalmente para a população do Recôncavo Baiano, que teve oportunidade de emprego. “As pessoas treinadas aqui fizeram este empreendimento tão importante. Os empreendimentos instalados no Recôncavo – Estaleiro Enseada do Paraguaçu e Canteiro da Petrobras – estão oferecendo mais trabalho para a região e, consequentemente, mais desenvolvimento econômico”, afirmou o governador.

As obras geraram cerca 2.100 empregos diretos no pico da construção, dos quais 50% vindos do Recôncavo, 25% de São Roque, 15% de outros locais da Bahia e 10% de outros estados. “Antes, a população do Recôncavo tinha apenas três opções, o serviço público, a pescaria ou comércio, sendo que a maioria partia para pesca por ter pouco ou nenhum tempo de estudo. Com a chegada do canteiro, nossa realidade mudou e para melhor, porque surgiram outras oportunidades de emprego com qualificação especifica”, disse o encarregado de arquitetura naval, Fabiano dos Santos, morador do município de Nazaré.

Outro funcionário que está bastante satisfeito é o técnico Cesar dos Santos Silva, 32 anos, residente em Santo Amaro da Purificação, que demonstra o orgulho de ver o seu trabalho concluído. “Estou feliz por ter feito parte da construção da P-59. É um orgulho para nós baianos, para nós do Recôncavo saber que a plataforma foi construída pelas nossas mãos”. Também foram criados 10 mil empregos indiretos em toda região, entre eles, de fornecedores de alimentos, como agricultores familiares, e de fardamento, como as costureiras locais.

Publicada às 12h55
Atualizada às 16h50