Para registrar o cotidiano da comunidade de Brotas de Macaúbas, na Chapada Diamantina, município escolhido para sediar o maior complexo de geração de energia eólica no Brasil, a Fundação Gilberto Salvador convidou o fotógrafo carioca Fabio Cabral, um consagrado mestre das lentes, com três livros publicados e um vasto repertório de ensaios, exposições e prêmios.

O resultado está registrado no livro ‘Filhos do Vento’, com 90 fotografias em preto e branco, que será lançado em Salvador nesta quarta-feira (22), no Teatro Castro Alves, com apoio da Secretaria de Cultura do Estado (Secult). “Quisemos construir um arquivo onde o olho do artista pudesse nos dar uma dimensão não somente antropológica daquela realidade, mas também poética”, explica o artista plástico Gilberto Salvador, presidente da Fundação.

Vinte destas imagens foram selecionadas e ficarão expostas no foyer do TCA até 1º de setembro, de segunda a sexta, das 12 às 18h. Além do livro e das fotografias de Fabio Cabral, a Fundação fará o lançamento do catálogo de digigravuras da artista plástica Beth Kok, com exposição de 12 obras, sobre o mesmo tema. Ambas serão prestigiadas pelo público, que irá conferir a programação especial da Série TCA, com a apresentação do saxofonista norte-americano Joshua Redman e Orquestra Rumpilezz. ‘Filhos do Vento” chega a Salvador após ser apresentada aos moradores de Brotas de Macaúbas, no período de 6 a 18 deste mês. 

Município

Localizada na Chapada Diamantina e integrante do Território de Identidade Velho Chico, Brotas de Macaúbas, a 590 quilômetros de Salvador, tem pouco mais de 12 mil habitantes e faz parte do chamado ‘Polígono da Seca’. Atualmente, a população vive a esperança de dias melhores para a economia do município, com a construção do parque eólico e o crescimento da extração de minérios.

O fotógrafo Fabio Cabral visitou a região há mais de 30 anos, quando era estudante de Ciências Biomédicas. “Passei 20 dias percorrendo todas as comunidades ao redor do parque eólico – Lagoa de Dentro, Sumidouro, Perdidos, Cocal, Papagaio, Mangabeira, entre outras regiões muito antigas e tradicionais de Brotas de Macaúbas”.

A relação das comunidades da região com o vento ganhou uma interpretação onírica da artista plástica Beth Kok. Ela criou uma série de desenhos digitais que traduzem a passagem do vento em um espaço repleto de cores, traços e figuras que parecem “voar” em um plano imaterial. Os desenhos foram reunidos num catálogo, intitulado ‘Filhos do Vento – Uma viagem imaginária’.

Fabio

Nascido no Rio de Janeiro em 1958, Fabio cresceu em São Paulo, onde estudou Ciências Biomédicas e fez pós-graduação em Saúde Pública na USP. Decidiu-se pela profissão de fotógrafo em 1982. Desde então, atende editoras e agências de propaganda do Brasil e exterior, fotografando moda, retratos, arquitetura, design reportagens e produções publicitárias, comerciais e artistas. É autor dos livros Anjos Proibidos (1991), Some Women (1998), SLZ 48h (2002). Desde 1997 atua como diretor de fotografia de filmes publicitários, curtas e longas metragens, tendo sido premiado em Cannes e no Festival de Cinema Publicitário em Nova York (1998). Atualmente, desenvolve trabalhos entre seus estúdios de São Paulo e Florianópolis e em países da Europa, África e América Latina.

Beth

Paulista, Beth Kok é arquiteta formada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, designer gráfica e ganhadora do prêmio Jabuti 2005 pelo projeto e produção gráfica do livro Terra Paulista, do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec). É ainda co-autora da coleção ‘O Leitor de Imagens’ e do projeto artebr, para o Instituto Arte na Escola. Na área ambiental, é co-autora do projeto Roda D´Agua para a OAK – Educação e Meio Ambiente.

Fundação

A Fundação Cultural e Artística Gilberto Salvador é uma instituição sem fins lucrativos que tem a finalidade de desenvolver e realizar projetos nas áreas culturais. Nesta prática é constante a preocupação específica com a didática e o aprendizado, e também com a documentação museológica de forma contemporânea, agregando as tecnologias mais pertinentes para cada projeto. A ação não se restringe a área documental, mas também investe significativamente na organização e realização de eventos nacionais e internacionais de arte brasileira e de suas correlações no mundo da produção tecnológica nacional.