Os mais novos integrantes da proposta de criação do Mosaico do Jalapão são os estados da Bahia e Tocantins. A iniciativa tem o objetivo de fortalecer a gestão integrada entre os diversos órgãos atuantes na região do Cerrado, que abrange uma área de mais de 43 mil quilômetros quadrados, entre esses estados e mais Piauí e Maranhão.

A adesão dos dois estados foi oficializada em reunião realizada na sede do Projeto Corredores Ecológicos da Bahia, em Salvador. O encontro contou com a participação de representantes do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Instituto Chico Mendes (ICMBio), Agência Japonesa de Cooperação Internacional (Jica), gestores de unidades de conservação (UC) estaduais e federais, técnicos do Naturatins-TO, além de técnicos da Sema/Inema.

A carta de adesão da Bahia foi assinada esta semana pelo secretário estadual do Meio Ambiente, Eugênio Spengler. Na ocasião, ele afirmou que a região é de grande relevância hídrica, com nascentes importantes, abastecedoras de importantes dos rios brasileiros, a exemplo do São Francisco. “Precisamos criar algumas áreas de conservação para garantir o mínimo de equilíbrio da cadeia alimentar, da reprodução das espécies e também aspectos em relação a solo”.

Unidades de conservação

A gestora da Estação Ecológica do Rio Preto, Balbina Maria de Jesus, diz que a Bahia e Tocantins já desenvolvem trabalhos em parceria, a exemplo da luta contra os incêndios florestais na região. “Esta ação irá fortalecer as unidades de conservação do oeste da Bahia e ajudará a compartilharmos conhecimentos na busca por resolver problemas como as queimadas na região”.

A diretora de biodiversidade do Naturatins do Tocantins, Verônica Amaral, considera a proposta uma grande oportunidade de unir esforço na proteção do Cerrado brasileiro porque “o Cerrado não tem divisão quanto aos limites dos estados. É um bioma único, e agora temos a oportunidade de unir esforço na proteção da sua biodiversidade”.

Apoio baiano

Por meio do aporte financeiro da Jica, e com apoio da Sema/Inema, está em elaboração o Planejamento Sistemático da Conservação (PSC), que fará um amplo mapeamento ambiental da região, sobrepondo informações sobre fauna e flora e dados sociais e de infraestrutura.

“A principal ideia é produzir um documento que possa gerar informações sobre a região que integra o mosaico no oeste baiano, para dialogar com o setor do agronegócio e garantir o entendimento aos produtores de que é preciso produzir visando à sustentabilidade”, esclarece o coordenador da divisão de mosaico e corredores ecológicos do ICMBio, Allan Crema. O estudo foi iniciado este mês, com previsão de término em dezembro deste ano.

Segundo o coordenador de gestão de Unidades de Conservação do Inema, Leonardo Euler, a região do Jalapão é uma área de grande relevância biológica pelo alto grau de diversidade de espécies da fauna e flora, além de ser uma área importante do Cerrado para conservação. “Trata-se de áreas de recarga de aquíferos, abrigando as nascentes de afluentes de três importantes bacias hidrográficas brasileiras: Tocantins, Parnaíba e São Francisco, o que transforma o Jalapão numa região estratégica para o país”.

Criação do conselho

Ainda como pauta do encontro foi iniciado o processo para criação do conselho do mosaico, que será composto por gestores de UCs, representantes de outras áreas protegidas, proprietários de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPNs), além de representantes dos órgãos públicos e sociedade civil.

Na ocasião foi construída a justificativa para abertura do processo de reconhecimento do mosaico junto ao MMA. A expectativa é que o mosaico seja reconhecido no mês de novembro, quando ocorrerá o próximo encontro do grupo de trabalho em Brasília.