O Recôncavo da Bahia prepara-se para mais uma Festa da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, realizada há mais de um século em Cachoeira. Por isso, neste sábado (11), às 19h, a TVE exibe A vida na Boa Morte. O documentário, dirigido pelo jornalista Robson Do Val, conta sobre os costumes da tradição religiosa, que atrai turistas do Brasil e do mundo. Essa apresentação será, sobretudo, uma homenagem à Dona Estelita de Santana, Juíza Perpétua da Irmandade, que faleceu no último dia 5, aos 105 anos.

Dividido em dois blocos, o vídeo traz imagens do cortejo da festa e entrevistas com historiadores, membros e pessoas relacionadas à Boa Morte – composta por mulheres negras com idade mínima de 40 anos –, contando como surgiu, no século XVIII, a confraria, suas motivações e peculiaridades, desde a época que o regime escravocrata ainda vigorava.

Além do cunho religioso, a irmandade exercia, àquele tempo, um papel político-social de fundamental importância para a população negra e escravizada. Por meio do dinheiro obtido com o comércio de quitutes produzidos por suas integrantes, a irmandade conseguia, por exemplo, alforriar um grande número de pessoas, o que fez com que ganhasse importância e respeito por parte da população afro-descendente.

Festa da Boa Morte

Vestidas de branco, vermelho e preto, com velas nas mãos, as Irmãs da Boa Morte percorrem as ruas chachoeiranas entoando cânticos, enquanto são admiradas por uma multidão de turistas que vem à cidade prestigiar a festa. “A irmandade é uma forma de afirmar a identidade negra”, conclui o antropólogo Stephen Selka. Em uma mistura de símbolos que unem o catolicismo aos ritos das religiões de matrizes africanas, após encerradas as obrigações religiosas, a Festa da Boa Morte continua em meio a mesas fartas e samba de roda, num momento de “dessacralização da festa”, como considera o historiador Luís Cláudio Nascimento.

Os festejos desse ano, realizados entre dos 13 e 15 de agosto, terão significado especial marcado pela ausência de Mãe Estelita, o que significa grande perda não só para a irmandade, mas também para a cidade de Cachoeira e para a cultura afro-brasileira. O que é uma boa morte? É a própria Estelita quem responde, prontamente, logo nos primeiros minutos do documentário: “uma morte sem sofrimentos”.

No dia 15 de agosto, durante a programação da TVE, flashes ao vivo, a partir de 8h, mostrarão os festejos 2012 da Irmandade da Boa Morte. A TVE pode ser conferida também através do Portal do Irdeb.