Subsidiar técnicas para o manejo das moscas-das-frutas é o que vem fazendo a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), órgão da Secretaria da Agricultura (Seagri), por meio da Central de Laboratórios da Agropecuária (CLA), com sede em Ondina. As pesquisas direcionadas ao estudo do comportamento desses insetos-praga acontecem no Laboratório de Entomologia.

O projeto pretende desenvolver meios de combate à espécie Anastrepha obliqua, uma das principais pragas da manga no estado, por intermédio da parceria entre a EBDA, a Universidade Federal da Bahia (Ufba), Embrapa Mandioca e Fruticultura, Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) e a Fundação de Amparo a Pesquisa da Bahia (Fapesb).

De acordo com a coordenadora do Laboratório de Entomologia da EBDA, Maria Clarice Dias, as moscas-das-frutas causam elevadas perdas econômicas aos fruticultores familiares, uma vez que a larva se alimenta da polpa do fruto, danificando-o e tornando-o inviável para a comercialização. Manga, caju, goiaba e uva são exemplos de frutas preferidas por esses insetos.

Há cerca de três anos a equipe de pesquisadores vem realizando testes relacionados à escolha de parceiros sexuais e preferência de oviposição (ato de inserir os ovos no fruto, realizado pelas fêmeas) e, atualmente, investigam a eficiência de atrativos químicos utilizados na captura das moscas adultas, para o controle e monitoramento de suas populações.

As ações de pesquisa sobre o desenvolvimento de compostos uímicosvoláteis, utilizados como atratores das moscas-das-frutas, são coordenadas pelo veterinário e pesquisador da EBDA, Frederico de Medeiros Rodrigues, que também é responsável pelas análises químicas dos estudos. “Desenvolvemos ações de pesquisa no laboratório, no sentido de identificar compostos orgânicos voláteis atratores do inseto-praga na cultura da manga, e a partir dos resultados obtidos, a Bahia dará um salto de qualidade no manejo das moscas”, disse Medeiros.

Coletas de frutos infestados são feitas periodicamente

As pesquisas desenvolvidas também contam com atividades de campo, concentradas no sertão do São Francisco, polo frutícola do estado da Bahia, em comunidades rurais dos municípios de Juazeiro, Curaçá e Jaguarari. Ainda no campo, são realizadas coletas periódicas de frutos infestados para obtenção das populações de moscas utilizadas nas pesquisas.
Em novembro de 2011, a equipe de pesquisadores visitou as comunidades rurais, com o objetivo de realizar um diagnóstico sobre a percepção dos fruticultores familiares a cerca da ocorrência das moscas-das-frutas e dos prejuízos a elas associados.

A engenheira agrônoma Maria Clarice Dias explica que a equipe trabalha para atender às necessidades destes produtores, estudando mecanismos de manejo da praga. “Uma das pautas de trabalho dos pesquisadores é agendar para os próximos meses, seminários de sensibilização e capacitação junto aos fruticultores familiares”.

Na Central de Laboratórios, os pesquisadores mantêm colônias de mosca-das-frutas de diversas espécies, acompanhando todos os estágios do ciclo de vida delas, desde os ovos, larvas e pupa até o adulto (fase na qual as moscas são utilizadas nos experimentos desenvolvidos pelo grupo de pesquisa).

Segundo a bióloga Juliana Piovesan, medidas simples podem ser adotadas para a prevenção dos prejuízos ocasionados pelas moscas-das-frutas. “O agricultor familiar deve coletar e enterrar os frutos maduros ou caídos. Isso vai impedir o desenvolvimento das larvas, interrompendo seu ciclo de vida, diminuindo a infestação e a propagação do inseto nos pomares”.

Manejo

A partir do diagnóstico realizado, a equipe de pesquisadores está produzindo uma cartilha educativa, com informações básicas sobre as mosca-das-frutas e métodos de manejo e monitoramento do inseto praga. A publicação terá linguagem simples e ilustrações mostrando, passo a passo, como montar armadilhas com garrafa pet e tabelas para monitoramento.

De acordo com Clarice Dias, a EBDA distribuirá as cartilhas nos próximos meses, durante a série de seminários para a sensibilização dos fruticultores familiares do Vale do São Francisco, sobre os problemas causados pelas moscas-das-frutas.