Alface, couve, rúcula, pimenta e uma variedade de hortaliças embelezam o quintal e já é fonte de renda para Dona Maria Gomes de Sena, de 61 anos, moradora da comunidade de Lagoa de Tanquinho, município de Itatim. Há seis meses, a ação “Sistema Integrado de Quintais Produtivos” do programa Global Environment Facility (GEF) Mata Branca chegou à região com o objetivo de promover a melhoria da renda e da segurança alimentar de famílias rurais de baixa renda, com a plantação de produtos hortícolas e criação de galinhas caipiras em pequenas áreas.

Na Bahia, o projeto é coordenado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente (Sema), com financiamento do Bird, tendo como gestora financeira a Fundação Luís Eduardo Magalhães (Flem). O programa atua diretamente nos municípios de Curaçá, Jeremoabo, Contendas do Sincorá e Itatim, e indiretamente em todo o bioma caatinga no estado.

Qualidade de vida

A ação conta com o uso de tecnologias de irrigação adaptadas à agricultura familiar e sistemas de manejo favoráveis à biodiversidade e ao uso racional do solo e da água, visando à melhoria da condição de vida das famílias e a recuperação de terras degradadas, alteradas e subutilizadas. O quintal produtivo é formado por uma cisterna, uma horta e um galinheiro, implantados em terreno de cada produtor rural.

Dona Maria conta o quanto foi importante a intervenção do Mata Branca em sua vida. “Antes da chegada da cisterna não tínhamos água, íamos buscar na cidade de 15 em 15 dias para beber e cozinhar. A horta então é uma maravilha! Além de tirar um dinheirinho com a venda das hortaliças na feira da cidade, ainda comemos uma salada fresquinha todos os dias”.

Em Lagoa de Tanquinho, 20 famílias já desfrutam da ação. De acordo com o presidente da Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Lagoa de Tanquinho, Gerson Alves de Souza, de 34 anos, a esperança volta a reinar na região. “Ganhamos mais qualidade de vida. Produzimos produtos orgânicos e galinhas caipiras para o nosso próprio consumo e algumas pessoas comercializam”, afirmou.

Além de Lagoa do Tanquinho, o Sistema Integrado de Quintais Produtivos já chegou nas comunidades de Filipe Velho e Entre Morros, Mendes e Capoeira. No total, foram beneficiadas diretamente 100 famílias. Entre os resultados esperados estão a melhoria das condições econômicas e da segurança alimentar, preservação e valorização da cultura local, redução de impactos ambientais, fortalecimento de organizações comunitárias e acesso à água de qualidade para beber.

Sistema possibilita a conservação e perpetuação das espécies

O coordenador do Mata Branca, Cássio Biscarde, enumerou os benefícios promovidos pelos Quintais Produtivos. “Com os reservatórios adequados de água, com a implantação das cisternas individuais, as famílias terão uma maior sustentabilidade de permanência na área, mesmo em períodos de seca”. Segundo ele, as pessoas terão, além de água para consumo, uma alimentação mais saudável, em função da disponibilidade e qualidade dos alimentos provenientes dos quintais produtivos.

De acordo com Biscarde, o enfoque agroecológico incorporado na estratégia de execução da ação é considerado muito importante nesse processo, por reunir práticas importantes para a conservação, perpetuação das espécies, manejo da biodiversidade e a redução do desmatamento.

“Esta ação também se justifica pela possível diminuição da pressão sobre a vegetação nativa, porque apoia e estimula pequenos agricultores a implantarem em pequenas áreas da propriedade, um sistema com práticas de manejo de solo sustentáveis, resultando em um ambiente diversificado com maior conservação do solo, interação entre as espécies animais e vegetais”, salientou.

O GEF Mata Branca tem o objetivo de contribuir para a preservação, conservação, uso e gestão sustentável da biodiversidade do bioma caatinga nos estados da Bahia e do Ceará, estabelecendo um ciclo entre as práticas integradas de gestão do ecossistema e a melhoria da qualidade de vida de seus habitantes.