‘Irmandade do Rosário dos Pretos: Quatro Séculos de Devoção’. Este é o nome da exposição, com fotos e textos, fruto de convênio entre a irmandade e o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), em cartaz na Igreja do Rosário dos Pretos, localizada no largo do Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador (CHS).

A mostra homenageia os 326 anos da irmandade e os 112 anos da Venerável Ordem Terceira do Rosário às Portas do Carmo, nome da entidade, fundada por descendentes de escravos e ex-escravos, que construíram a igreja. Segundo o prior da irmandade, Ubirajara Santa Rosa, o objetivo é trazer informações às pessoas que não conhecem a história da instituição. “Ela mostra como nos comportamos, o que fazemos e as dificuldades que enfrentamos ao longo de três séculos”.

Composta por 52 fotos coloridas e em preto e branco de autoria de Aristides Alves, Rugendas e Carlos Julião, e textos escritos e dimensionados em painéis portáteis, a exposição tem ainda imagens do acervo da irmandade e da Fundação Pierre Verger. “A importância do Rosário dos Pretos se dá ainda a partir das transformações do conceito de patrimônio cultural”, avalia a museóloga e coordenadora da exposição, Ana Maria Figueiredo.

Vida comunitária

Os painéis encontram-se no corredor lateral à nave central da igreja. São seis com os temas da história da irmandade, devoções aos santos, atividades, festas e funerais, igreja, arquitetura, participações, compromisso e fé. O painel ‘compromisso’ expõe a vida comunitária interna, regras de funcionamento e objetivos, modalidades de admissão, sistema e deveres.

Em outro painel podem ser conhecidos os santos cultuados na irmandade, como Nossa Senhora do Rosário e Santa Bárbara, os santos negros Antônio de Categeró, Benedito, Elesbão e Ifigênia, louvados pela comunidade negra brasileira desde os tempos da escravidão. A escrava Anastácia é mencionada, principalmente por ter sido reconhecida mártir do cativeiro e escravidão.

A igreja e seus bens móveis, como as imagens dos santos, pinturas do teto e azulejos foram restaurados pelo Ipac ao custo de R$ 2,6 milhões. “Além da igreja do Rosário, já entregamos restaurados a igreja e cemitério do Pilar, a igreja do Boqueirão, a Casa das Sete Mortes e o Palácio Rio Branco, totalizando mais de R$ 20 milhões investidos em monumentos importantes do Centro Histórico de Salvador”, explica o diretor geral do Ipac, Frederico Mendonça.

Atração turística

A igreja do Rosário dos Pretos atrai turistas dos mais diversos países, principalmente durante o verão. “Desde junho deste ano mais de seis mil visitantes passaram por aqui, entre brasileiros, franceses, americanos, espanhóis e portugueses”, disse Ubirajara.

“Com esses painéis entendemos mais sobre a igreja e a Irmandade. As informações e fotos são muito importantes para os turistas que nada sabem sobre essa igreja e suas imagens”, relata Rachel Klein Ulring, turista de Santa Catarina, em visita ao local.

A mostra fica aberta de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, aos sábados das 9h às 12h e aos domingos das 10h às 12h. A entrada custa R$ 2, sendo entrada gratuita aos domingos, a partir das 8h até término da missa, ou todas as segundas-feiras das 8h às 10h e todas as terças-feiras a partir das 16h30 até o término da missa.

A exposição tem apoio da Fundação Pierre Verger, Fundação Pedro Calmon, Centro de Culturas Populares e Identitárias, Secult e IPAC. A realização é da Irmandade. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (71) 3241-5781 ou endereço rosariopelourinho@hotmail.com.