O comércio varejista da Bahia apresentou no mês de julho uma expansão de 8,7% no volume de vendas. A taxa é significativa, considerando-se que a base de comparação em igual mês de 2011 foi elevada e que neste mês houve uma pressão dos preços sobre alguns produtos que compõem a cesta básica. Os dados foram apurados pela Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), realizada em âmbito nacional pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e analisados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), da Secretaria do Planejamento (Seplan).

Em julho, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,43%, superando em cinco vezes a taxa de 0,08% apresentada no mês de junho. Na comparação com o mês anterior, ajustado sazonalmente, constata-se uma variação nas vendas de 1,1%.

O resultado de julho indica que as medidas de estímulo adotadas pelo governo continuam fazendo efeito, a exemplo da redução da taxa básica de juros para 8% ao ano, e da manutenção do IPI. Outros aspectos a serem ressaltados foram a relativa estabilidade da taxa de desemprego na RMS, sendo que no mês imediatamente anterior o rendimento médio real para assalariados foi estável, enquanto que os ocupados apresentaram uma suave elevação.

Neste mês, o comportamento das vendas foi influenciado pelo expressivo desempenho dos negócios no grupo de outros artigos de uso pessoal e doméstico, que registrou a taxa de 29,2% no volume de vendas, em relação a julho de 2011. Com uma contribuição de 26,6%, essa atividade, que engloba segmentos como lojas de departamento, ótica, joalheria, artigos esportivos, brinquedos, etc., tem desempenho justificado pela base de comparação, pois no mesmo mês do ano anterior as vendas cresceram em 8,2%.

Ao contrário do que ocorre com as vendas de bens duráveis, que são fortemente atreladas ao crediário, as desse segmento dependem da renda dos consumidores. O aumento no número de ocupados em alguns setores, como serviços e comércio, e a gradativa recuperação dos rendimentos são fatores que impulsionaram as vendas desse ramo.

Análise de desempenho por ramo de atividade

No mês de julho deste ano, os dados do comércio varejista do estado, quando comparados com o mês de julho de 2011, indicam que todos os ramos que compõem o indicador do volume de vendas apresentaram resultados positivos. Listadas pelo grau de magnitude das taxas em ordem decrescente, têm-se equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (47,4%), livros, jornais, revistas e papelaria (30,1%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (29,2%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (16,3%), tecidos, vestuário e calçados (14,8%), combustíveis e lubrificantes (7%), móveis e eletrodomésticos (6,7%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1%). Para o subgrupo de super e hipermercados, o resultado apurado foi negativo em 0,8%.

Os ramos que não integram o indicador do varejo restrito obtiveram os seguintes resultados quanto à variação do volume de vendas no mês em questão: veículos, motocicletas, partes e peças (18,7%) e material de construção (4,4%).

Na Bahia, o destaque no mês de julho coube, além do segmento de outros artigos de uso pessoal e doméstico, móveis e eletrodomésticos e combustíveis e lubrificantes. De acordo com a PMC, o primeiro segmento apresenta, pelo nono mês consecutivo, resultado positivo. No acumulado do ano, a expansão foi de 13,3%, alcançando nos últimos 12 meses a variação de 7,8%.

O segundo segmento a influenciar o varejo baiano no mês de julho foi o de móveis e eletrodomésticos, que cresceu 6,7%, em relação a igual mês de 2011. No acumulado do ano, a expansão foi de 12,8% e de 11,7%, nos últimos 12 meses. Nesse ramo, além do fato de cerca de 80% das transações serem realizadas a prazo, a política de incentivo do governo ao consumo através da redução de alíquotas de IPI para a linha branca, a manutenção de crédito e a estabilidade do emprego, além da queda dos preços dos eletrodomésticos, foram preponderantes para impulsionar as vendas no setor.

Em relação ao ramo de combustíveis e lubrificantes, o crescimento nas vendas em julho deste ano foi de 7%, em relação a igual mês de 2011. Em termos de desempenho acumulado no ano, a taxa foi de 12,1% e nos últimos 12 meses, de 9,2%. Esse comportamento é atribuído à queda de preços dos combustíveis automotivos, que registraram nos últimos 12 meses uma variação negativa de 1,8%, segundo dados do IPCA do IBGE.

A atividade hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo registrou um crescimento no volume de vendas de 1% em julho, sobre igual mês do ano anterior. Segmento de maior representatividade para o indicador de volume de vendas, registrou no acumulado do ano a variação de 7% e nos últimos 12 meses, de 4,9%. Para o IBGE, a inflação de julho foi decorrente dos reajustes dos preços dos alimentos, que subiram 0,91%.

No subgrupo hipermercados e supermercados, foi apurada uma variação negativa de 0,8% nas vendas, em relação ao mesmo mês de 2011. No ano, houve uma variação de 5,3% e no acumulado dos últimos 12 meses, de 3,7%. O resultado no mês de julho é justificado pela elevação nos preços de alguns alimentos, como o tomate (50,33%), a cenoura (17,81%), o alho (12,27%) e o feijão (6,12%).

Quanto ao segmento material de construção, em julho deste ano, aconteceu uma variação positiva nas vendas de 4,4%, em relação ao mês de julho de 2011. No acumulado do ano, a expansão atingiu a taxa de 6,4% e no acumulado dos últimos 12 meses, a variação do volume de vendas foi de 4,4%. O programa Minha Casa Minha Vida e a desoneração do setor produtivo vêm permitindo uma nova dinâmica no segmento, sobretudo através da redução do IPI, que contribui para manter as vendas aquecidas.

O segmento de veículos, motos, partes e peças registrou uma variação positiva de 18,7% em julho deste ano, em relação a igual mês de 2011. Nos sete primeiros meses do ano, a expansão registrada foi de 10,3% e no acumulado dos últimos 12 meses, de 2,9%. Também nesse segmento continua merecendo destaque a redução da carga tributária (IPI e IOF), que incide sobre veículos no país, muito embora a perspectiva de término desse incentivo tenha influenciado os consumidores a anteciparem as suas compras, realizando-as no mês anterior.

O comércio varejista ampliado apresentou em julho deste ano uma expansão de 11,4% nas vendas. Assim, a despeito de que o crescimento econômico ocorra com os preços sob controle, conforme análise do Banco Central, e que o cenário de aceleração da inflação desestimule novos cortes na taxa Selic, segundo avaliação dos analistas de mercado, têm-se a perspectiva, com a proximidade das festas de fim de ano, que as vendas do comércio se mantenham favoráveis.