Vestidas a caráter, cerca de 60 baianas de acarajé participaram, nesta sexta-feira (26), no Salão de Atos da Governadoria, em Salvador, da cerimônia da assinatura do decreto que tornou o ofício das baianas Patrimônio Imaterial da Cultura da Bahia. Com o decreto, assinado pelo governador Jaques Wagner, o ofício foi registrado no Livro Especial de Saberes e Modos de Fazer do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), vinculado à Secretaria de Cultura do Estado.

O evento foi o primeiro a ser realizado no novo Salão de Atos da Governadoria, no Centro Administrativo da Bahia. Em mais uma homenagem à tradição do ofício, o espaço foi batizado Salão de Atos Baiana do Acarajé e receberá, ainda, uma placa em memória de baianas falecidas com seus nomes e respectivos pontos tradicionais na capital.

Venda de acarajé na Copa do Mundo

O governador garantiu a venda do acarajé na Arena Fonte Nova durante os jogos da Copa do Mundo de 2014. “É claro que esta tradição estará presente, como está presente em qualquer evento cultural e esportivo, e nós vamos garantir a presença das baianas de acarajé dentro da Fonte Nova”, afirmou.

A solicitação de registro foi requerida pela Associação das Baianas de Acarajé e Mingau (ABAM), mesmo já tendo o reconhecimento federal desde 2005, através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Para a presidente da ABAM, Rita Santos, faltava o reconhecimento do próprio Estado. “Já que tudo começou aqui, isso vem coroar o trabalho de mulheres guerreiras. Muitas delas já se foram, mas contribuíram para que hoje a gente encontre o acarajé na cidade e vem em boa hora com a proximidade da Copa”. Segundo a Associação existem cerca de cinco mil baianas de acarajé no estado.

O registro engloba os rituais envolvidos na produção, nos modos de fazer, na preparação do local de venda, na arrumação no tabuleiro do acarajé e dos demais quitutes disponíveis.

De acordo com a diretora de preservação do patrimônio cultural do Ipac, Elisabeth Gandara, o título é um reconhecimento do Estado a importante símbolo da identidade cultural baiana e brasileira. O registro inclui a elaboração de um plano de salvaguarda. “Esse plano de salvaguarda vai indicar ações que o Estado e as próprias baianas têm que manter para que o ofício não se perca, não se descaracterize”, explica.

A baiana Maria Luzia dos Santos acredita que o reconhecimento traga mais respeito para as mulheres e homens que trabalham atrás dos tabuleiros. “É muito importante porque nós quase já não éramos reconhecidas. Agora a baiana vai ter mais valor”.