Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de janeiro a setembro deste ano refletem a grande aderência entre a criação de empregos formais na Bahia e o dinamismo do seu Produto Interno Bruto (PIB). Um dos sinais que evidenciam esta relação é o fato da Bahia ter sido, no Nordeste, o estado que mais criou empregos no acumulado de janeiro a setembro. A análise foi feita pelo secretário estadual do Planejamento, José Sergio Gabrielli.

Os setores de serviços, comércio e construção civil, que tiveram o maior aumento do emprego formal, observou Gabrielli, são os mesmos que mais cresceram no PIB baiano. “São setores que dependem fortemente do crescimento da renda interna e da renda das pessoas e das famílias. Essa é uma nova característica importante do dinamismo da economia baiana, que é muito mais baseada no mercado de consumo, no mercado interno, e fruto da redistribuição de renda que está ocorrendo no estado”.

Numa avaliação setorial, o setor de serviços foi o que gerou o maior saldo na Bahia no mês de setembro, com a geração de 1.793 empregos formais. O setor do comércio, assim como no mês anterior, ficou com a segunda colocação, registrando um saldo de 1.683 postos de trabalho, seguido da construção civil (1.004 vagas), que ficou na terceira posição.

Segundo o resultado do Caged de setembro, divulgado esta semana, o Nordeste teve um saldo positivo de 71.246 novos postos de trabalho no mês passado, sendo que de janeiro a setembro deste ano esse número alcançou 179.637 empregos. No acumulado do ano, a Bahia se mantém como o maior criador de empregos formais do Nordeste, com 45.659 postos de trabalho com carteira assinada, seguido de Pernambuco, com 44.718 vagas. 

Descentralização

Os dados do Caged também evidenciam a descentralização do crescimento econômico, como destacou Gabrielli. Do total de vagas abertas no estado, de janeiro a setembro deste ano, 72,4% (32.062) estão fora da Região Metropolitana de Salvador, enquanto a RMS criou 27,6% (12.597) dos novos empregos com carteira assinada.

Quando é analisado o comportamento dos empregos formais por território de identidade, no período de janeiro a setembro, os que geraram os maiores saldos de emprego foram o da Região Metropolitana de Salvador (14.664 vagas), Sertão do São Francisco (9.250 vagas) e Portal do Sertão (7.522 vagas). Do saldo total de 45.659 empregos formais na Bahia, esses três territórios foram responsáveis por 68,8%, sendo que o da Região Metropolitana de Salvador respondeu por 31,2%.

Dos 14.664 novos empregos formais gerados no território de identidade da Região Metropolitana de Salvador, de janeiro a setembro deste ano, 13.783 postos foram criados na capital. Isso significa que Salvador foi responsável pela geração de 94% dos empregos no seu território de identidade. Os setores mais relevantes na composição desse resultado foram serviços e construção civil, que registraram um saldo positivo de 9.427 e 3.553 postos de trabalho, respectivamente.

O Sertão do São Francisco, segundo território de identidade que mais gerou empregos formais, apresentou como principais polos de criação de novas oportunidades os municípios de Juazeiro e Casa Nova. O primeiro contabilizou um saldo positivo de 5.565 empregos formais, e o segundo, 3.322 postos no acumulado do ano. Juntos, os dois municípios foram responsáveis por 96% do saldo total deste território. Em termos setoriais, a agropecuária e a indústria de transformação registraram os maiores saldos, mais especificamente 6.233 e 1.683 novas oportunidades.

O terceiro território de identidade que mais contribuiu para o saldo baiano de empregos no acumulado do ano foi Portal do Sertão. Ao desagregar por municípios, visualiza-se que Feira de Santana foi o principal responsável pela geração de novos postos de trabalho (7.344). Os setores com maior participação na criação de empregos nesse território foram serviços e construção civil, com 5.212 e 1.194 novos postos de trabalho, respectivamente.

Em contrapartida, houve dificuldades no Médio Sudoeste da Bahia, notadamente em Itapetinga, que teve um desempenho negativo nos nove primeiros meses deste ano, perdendo 2.446 vagas de trabalho. O saldo negativo deve-se especialmente à redução do nível de emprego na indústria de calçados. “Isso reflete as dificuldades com a competição internacional e a necessidade de aumento de produtividade para conter essa competitividade”, afirmou o secretário do Planejamento.