A celebração de acordos de cooperação técnica com a Cooperativa dos Produtores de Queijos da Beira Baixa e a bicentenária Casa Matias, da região de Serra da Estrela, em Portugal, para viabilizar a produção de queijos com leite de cabra e ovelhas por pequenos produtores da Chapada Diamantina, em parceria com laticínios baianos, é uma das possibilidades abertas pela Missão Bahia/Portugal/Espanha/França, coordenada pelo secretário estadual da Agricultura, Eduardo Salles.

Na quarta-feira (31), o proprietário da Casa Matias, uma das mais famosas queijarias da Europa, José Matias, confirmou que virá à Bahia para, no período de 1 a 3 de dezembro próximo, visitar as regiões produtoras de ovinos e caprinos, com a intenção de fazer diagnósticos das diversas regiões produtoras e avaliar parcerias com laticínios e produtores baianos para produzir queijos amanteigados semelhantes aos feitos em Portugal.

“Nossos principais objetivos são viabilizar parcerias entre os laticínios baianos e a indústria portuguesa, criar uma cooperativa de pequenos e médios produtores de leite de cabra e ovelha da Bahia e montar um laticínio com eles”, disse Salles. Ele explicou que o governo “quer dar sustentabilidade para convivência com o semiárido e produzir queijos de qualidade que possam chegar ao consumidor ao custo aproximado de R$ 50,00 o quilo e fazer com que mais pessoas possam consumir”. O queijo desse tipo, importando de Portugal, chega à Bahia ao custo de R$ 300, o quilo.

Mistura de raças

“Não somos melhores nem piores que outras queijarias, mas diferentes”, afirmou José Matias, que está montando o Museu do Queijo. Profundo conhecedor do setor, ele acha que “a Bahia tem condições de produzir queijos de qualidade com leite de cabra e ovelha, podendo inclusive utilizar também leite de vaca na mistura”.

Um dos principais criadores da raça Dorper na Bahia, Luiz Teixeira, que investe em genética e faz parte da comitiva que está na Europa, declarou que vai participar da cooperativa de produtores de leite a ser criada. Ele, que é membro da Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos da Microrregião de Senhor do Bonfim, disse que um dos seus objetivos é promover a mistura das raças Santa Inês com a francesa Lacone, buscando o melhoramento genético para aumento da produtividade de leite do plantel baiano de cabras e ovelhas.

Apoio tecnológico

A comitiva visitou também o Centro de Apoio Tecnológico Agroalimentar de Castelo Branco (Cata), que, de acordo com o secretário, “pode ser um grande parceiro no apoio tecnológico às pretensões da Bahia no desenvolvimento de queijos de cabra e ovelha na Bahia, com características semelhantes aos produzidos em Portugal”. O Cata, um investimento 3,5 milhões de Euros, possui estrutura de pesquisa e equipamentos de última geração para pesquisas focadas no setor agropecuário como, azeites, leites e queijos, hortifruticultura e degustações sensoriais.

A comitiva baiana também se reuniu com empresários e produtores da Vinícola Casal Branco, Associação Empresarial da Região de Santarem (Nersant), no Ribatejo, Associação Empresarial da Região de Castelo Branco (Nercab) e Adega do Alto Tejo, aos quais apresentou as oportunidades e vantagens de investir na agropecuária baiana, despertando grande interesse dos portugueses.