Em parceria com o governo federal, a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Estado (Sepromi) lançou na noite desta sexta-feira (9), no Forte de Santo Antônio, no Centro Histórico de Salvador, o Mapeamento dos Espaços de Religiões de Matrizes Africanas do Recôncavo e Baixo Sul.

O evento, que faz parte da série de ações que integram o Novembro Negro, teve a presença da ministra da Secretaria de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros.

De acordo com o secretário Elias Sampaio, a ideia é fornecer subsídios para a elaboração de políticas públicas. “É uma entrega para a comunidade e o povo de santo de um conjunto de informações acerca dos espaços de religiões de matrizes africanas”.

Ele informou que Salvador é um dos primeiros lugares a ter uma pesquisa desta natureza, “muito bem elaborada, um trabalho do professor Jocélio Teles e de Paula Barreto, que surpreende e mostra um grande conhecimento das religiões de matrizes africanas”.

O trabalho foi iniciado em 2008 e percorreu 19 cidades do Recôncavo – Cabaceiras do Paraguaçu, Cachoeira, Castro Alves, Conceição do Almeida, Cruz das Almas, Dom Macedo Costa, Governador Mangabeira, Maragogipe, Muniz Ferreira, Muritiba, Nazaré, Santo Amaro, Santo Antônio de Jesus, São Felipe, São Félix, São Francisco do Conde, Sapeaçu, Saubara e Varzedo.

Na pesquisa foram identificados 420 terreiros, a maioria de nação Ketu – 142 ao todo. Na região, Santo Amaro é o município com o maior número de templos (60) e Muniz Ferreira com o menor (um).

Responsabilidade 

A ministra Luiza Bairros disse que a partir destes dados serão elaboradas políticas públicas mais específicas. “Isso traz para nós, dos governo federal e do Estado, uma responsabilidade maior, na medida que conhecemos mais esta realidade. Também temos melhores condições de traçar algumas políticas voltadas a apoiar esta tradição e tudo aquilo que ela representa para cultura da Bahia e o Brasil de uma maneira geral”.

Ainda segundo Bairros, o mapeamento, “assim como feito aqui na Bahia, também está sendo realizado em outras regiões do país como Belém, Porto Alegre, Recife e Belo Horizonte”.

Na região do baixo sul 14 municípios foram mapeados – Aratuípe, Cairu, Camamu, Gandu, Igrapiúna, Ituberá, Jaguaripe, Nilo Peçanha, Piraí do Norte, Presidente Tancredo Neves, Taperoá, Teolândia, Valença e Wenceslau Guimarães. No final, foram identificados 116 templos religiosos, subdivididos em 26 nações diferentes. De acordo com os dados encontrados, Valença é o município da região com o maior número de terreiros, 34 ao todo. Já Piraí do Norte, o menor, com apenas uma casa identificada.

“Faz parte de nossa história. Sem essa geografia não há como saber de onde é e como está localizado. Às vezes sabemos os nomes, mas não sabemos a localidade. Acho muito boa ideia, uma obrigação de todo brasileiro de valorizar e relembrar nossa história”, afirmou Mãe Stella, ialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá.