“Não somos brancos, negros ou índios. Somos baianos. Não pertencemos, no maior rigor da palavra, a nenhuma religião. Somos baianos. Não pretendemos ser melhores do que ninguém, mas somos baianos”. Foi exaltando a baianidade que João Ubaldo Ribeiro, um dos escritores brasileiros mais lidos em todo o mundo, tomou posse, nesta quinta-feira (22), da cadeira número nove da Academia de Letras da Bahia. A solenidade reuniu na sede da instituição, intelectuais, jornalistas e autoridades, entre elas, o governador Jaques Wagner.

Entre fotografias, autógrafos e cumprimentos, Ubaldo não escondeu a emoção. “É um momento especial para mim, um reconhecimento da minha terra. É uma festa, uma emoção de ficar contente”. O escritor disse que no momento não tem planos e projetos. “Tenho tido muitas solicitações, viajado tanto que não tenho escrito. Não tenho nenhum projeto especial”.

Reconhecimento 

Para o governador Jaques Wagner, a posse  de João Ubaldo na Academia de Letras da Bahia “representa um reconhecimento mais do que merecido a um baiano, escritor, jornalista, professor, um grande valor da nossa terra, que tem dois dos seus livros entre os 100 melhores romances do século 20, membro da Academia Brasileira de Letras. Imagino que, para ele, seja um orgulho ser reconhecido pela sua terra. Estão de parabéns a Bahia, João Ubaldo e o povo brasileiro, tão bem descrito por ele”.

O presidente da Academia de Letras da Bahia, Aramis Ribeiro Costa, afirmou que a posse de João Ubaldo foi especial. “É um dos maiores autores da literatura brasileira, um orgulho para todo o brasileiro em todo o mundo”.

O presidente disse que a academia, fundada em 1917, possui 40 cadeiras vitalícias. “A de número nove é uma cadeira especialíssima, que foi ocupada por 26 anos por nosso ex-presidente, Cláudio Veiga, que se dedicou muito a esta casa”.

História 

João Ubaldo Osório Pimentel Ribeiro, baiano de Itaparica, onde nasceu em 1941, é formado em Direito. No início dos anos 60 escreveu a coluna ‘Satyricon’ no Jornal da Bahia. Em 2008, ganhou o Prêmio Camões, maior premiação da língua portuguesa.

O escritor produziu obras de grande repercussão, como ‘Viva o Povo Brasileiro’, ‘Sargento Getúlio’, ‘O Sorriso do Lagarto’ e ‘A Casa dos Budas Ditosos’, que causou polêmica. Também compôs roteiros para a televisão brasileira, adaptando algumas das suas obras para a TV e o cinema. Fluente em diversos idiomas, ele mesmo se encarrega de realizar a tradução da sua produção literária para o inglês.