O município de Porto Seguro, no sul do estado, recebeu a 12ª base comunitária de segurança da Bahia, implantada no bairro Baianão, e um Centro Integrado de Comunicação (Cicom), inaugurados nesta segunda-feira (28) pelo governador Jaques Wagner. O Cicom vai atender, além de Porto Seguro, outros sete municípios: Eunápolis, Itabela, Guaratinga, Santa Cruz Cabrália, Belmonte, Itapebi e Itagimirim.

Já com a sua estrutura definitiva implantada, a base comunitária foi montada no mesmo modelo das outras já em funcionamento no estado. Oitenta policiais foram destacados para a unidade, que possui 12 viaturas, sendo quatro automóveis e oito motocicletas. Câmeras de segurança estão monitorando pontos estratégicos do bairro.

A base conta ainda com um Centro Digital de Cidadania, onde a população pode fazer cursos de informática e se conectar gratuitamente à internet. O professor de futebol, Geraldo Francisco Júnior, destacou a importância da realização de atividades que vão além do policiamento. “O mundo da droga está avançando. Quanto mais ocupada a mente, é melhor para o jovem. Aqui tem computador, tem internet, vai afastar as pessoas destas coisas ruins”.

Credibilidade

O despachante Pedro Mota disse que a base traz tranquilidade e uma expectativa positiva para a comunidade. “É um projeto que vai trazer mais credibilidade para a presença do Estado em Porto Seguro e no nosso bairro. Este é um bairro que tinha um índice muito alto de violência, atrapalhando inclusive o desenvolvimento desta cidade que vive do turismo, pois foi onde o Brasil começou”.

De acordo com o governador, o programa Pacto pela Vida, do qual as bases comunitárias de segurança fazem parte, é focado na diminuição dos homicídios. “O Baianão foi o bairro escolhido por apresentar um índice de violência acima da média e eu espero que o reflexo da chegada da base seja o mesmo que nós tivemos em outras regiões, ou seja, uma redução substantiva dos homicídios”.

Cicom

O Centro Integrado de Comunicação (Cicom) reúne os sistemas e servidores das polícias Civil, Militar e Técnica e do Corpo de Bombeiros em Porto Seguro. A unidade conta também com 17 atendentes de uma central telefônica, câmeras fixas e computadores. O contato com as unidades policiais nos municípios de Eunápolis, Itabela, Guaratinga, Santa Cruz Cabrália, Belmonte, Itapebi e Itagimirim é feito por meio de 93 rádios e a central pode ser acessada pela população pelo número 190.

“O Cicom vai trazer mais eficiência a todo o trabalho da polícia. Com isto, teremos mais facilidade para ordenar o combate ao crime, na medida em que os carros que estão na rua têm interligação com o centro, que pode informar qualquer atitude suspeita ou a presença de algum marginal que seja procurado pela polícia”, afirmou Wagner.

Redução média de 50% no número de homicídios

Como parte do Programa Pacto pela Vida, a metodologia de policiamento de bases comunitárias trabalha de forma integrada com a comunidade, levando, além de mais segurança, qualidade de vida para população. Das 12 bases comunitárias de segurança instaladas no estado desde 2011, sete estão em Salvador.

Segundo o secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, houve diminuição média de 50% dos crimes de homicídios onde as bases já foram instaladas, números superiores a outras regiões onde há polícia comunitária no Brasil. "Não adianta todas as prisões que a Secretaria da Segurança Pública vem fazendo destes líderes do narcotráfico se o território não estiver ocupado pela polícia. Nós entramos com a polícia e com a segurança para que outras ações sejam executadas a partir deste processo, evitando que os jovens sejam aliciados pelos traficantes", explicou Barbosa.

Parceria e qualificação profissional

A parceria com a população e organizações não governamentais é essencial para reduzir a violência e proporcionar inclusão social e perspectiva de crescimento profissional. O líder comunitário do Calabar, Gilson Magalhães, destaca a importância da base comunitária de segurança e ressalta as mudanças após a implantação da unidade no bairro. “No início tínhamos a preocupação da base vir pra cá apenas com a polícia, e não foi isso que aconteceu. Nossa realidade mudou bastante com as ações da base, inclusive com os cursos. Nossos jovens ficavam na marginalidade pela falta de oportunidades e hoje esse contexto mudou”, afirma.

Por meio do Qualifica Bahia, os moradores fazem cursos profissionalizantes de cabeleleireiro, pintor, eletricista predial, recepcionista, telemarketing, manicure, pizzaiolo, informática, entre outros. No subúrbio ferroviário, 15 mulheres não perderam tempo e estão finalizando o aprendizado do curso de pedreiro com aulas práticas. Elas estão reformando um anexo da Igreja Santo Antônio das Malvinas, no bairro de Fazenda Coutos.

“Eu me sinto feliz, o que mais gosto é levantar as paredes, acho que daqui passaremos para o mercado de trabalho, inclusive tenho pretensões de construir minha própria casa”, afirma Angelina Pereira. A aluna Luciene Galiza compartilha dos mesmos sentimentos. “Além de ser uma oportunidade para termos uma profissão, eu economizo com mão de obra para consertos em minha casa”, disse.

Programações recreativas e inclusão digital

Nas bases comunitárias também são oferecidas programações recreativas em datas especiais, como o Dia das Crianças e Natal. As unidades contam com um Centro Digital de Cidadania, com computadores ligados à internet, onde os moradores podem fazer curso de informática básica, acessar a rede e fazer trabalhos escolares.

Só no bairro de Fazenda Coutos, o trabalho de inclusão digital já atendeu a mais de mil pessoas, como destaca o comandante da base, tenente Alã Carlos. “Em parceria com a Secretaria de Ciência e Tecnologia, promovemos este curso em 2012, com mais de mil pessoas participando. Oferecemos também outras atividades, a exemplo de educação física para a terceira idade”, informa o tenente. Os cursos profissionalizantes são ministrados de segunda a sexta-feira, com carga horária que varia de 40 a 200 horas.

“Nossa idéia não é apenas promover segurança pública, mas também aproximar o policial da comunidade, oferecendo cursos, alguns voltados para jovens e adultos. Todo o efetivo que atua nas bases participa de capacitação voltado para policiamento comunitário e direitos humanos, informações que eles vão usar na prática”, declara o secretário Maurício Barbosa.

Trabalhos sociais valorizam moradores

Na Base Comunitária de Segurança do Calabar, primeira a ser instalada em Salvador, somente este ano mais de 50 pessoas receberam certificados e estão aptas para o mercado de trabalho. A aluna Janine Araújo conseguiu um emprego na área de telemarketing, antes mesmo de concluir o curso na área. “Aqui eu aprendi técnicas que me ajudaram a passar nos testes e dinâmicas realizados pelas empresas. Além disso, ganhei mais autoconfiança e fiquei desinibida, porque eu era muito tímida”.

Para o pastor, Marthos Esteves, os trabalhos sociais foram fundamentais. “Tivemos redução de violência no bairro, com destaque para a agressão doméstica, quase zerada. Os moradores possuem mais autoestima, passaram a ter mais projetos. Os jovens querem estudar e alcançar novos patamares. Temos um comércio mais aquecido, uma liberdade de caminhar tranquilamente pelo bairro, uma nova realidade”, conclui

De acordo com a subcomandante da base do Calabar, tenente Luciana Araújo, a unidade procura atender a carências do bairro. “Eles nos procuram para resolver problemas de infraestrutura, saúde, entre outros e nós intermediamos estes contatos com outros órgãos para que essas solicitações sejam atendidas, desde cadastramento do bolsa família, a atendimento médico e odontológico”.

Publicada às 10h40
Atualizada às 17h30