Como parte do Programa Pacto Pela Vida, a metodologia de policiamento de bases comunitárias trabalha de forma integrada com a comunidade, levando, além de mais segurança, qualidade de vida para população. Das onze bases comunitárias de segurança instaladas no estado desde 2011, sete estão em Salvador. A redução da violência alcançada pelas unidades varia de bairro para bairro, mas a média é uma diminuição de mais de 50%.

A parceria com a população e organizações não governamentais é essencial para reduzir a violência e proporcionar inclusão social e perspectiva de crescimento profissional. O líder comunitário do Calabar, Gilson Magalhães, ressalta as mudanças. “No início tínhamos a preocupação da base vir pra cá apenas com a polícia, e não foi isso que aconteceu. Nossa realidade mudou bastante com as ações da base, inclusive com os cursos. Nossos jovens ficavam na marginalidade pela falta de oportunidades e hoje esse contexto mudou”, afirma.

Qualifica Bahia

Por meio do Qualifica Bahia, os moradores fazem cursos profissionalizantes de cabeleireiro, pintor, eletricista predial, recepcionista, telemarketing, manicure, pizzaiolo, informática, entre outros. Cerca de 15 mulheres do subúrbio ferroviário não perderam tempo e estão finalizando o aprendizado do curso de pedreiro com aulas práticas. Elas estão reformando um anexo da Igreja Santo Antônio das Malvinas, no bairro de Fazenda Coutos.

“Eu me sinto feliz, o que mais gosto é levantar as paredes, acho que daqui passaremos para o mercado de trabalho, inclusive tenho pretensões de construir minha própria casa”, afirma Angelina Pereira. A aluna Luciene Galiza compartilha dos mesmos sentimentos. “Além de ser uma oportunidade para termos uma profissão, eu economizo com mão de obra para consertos em minha casa”, disse.

Para o coordenador de projetos Marcos Antonio dos Santos, o mercado de trabalho está exigindo cada vez mais profissionais qualificados. “Então nós fazemos isso, ensinamos os alunos a partir de aulas práticas e teóricas e depois encaminhamos para empresas ao fim do curso”.

Programações recreativas e inclusão digital

Além de qualificação profissional e atividades físicas, também são oferecidas programações recreativas em datas especiais, como o Dia das Crianças e Natal. As unidades contam também com um Centro Digital de Cidadania, com computadores ligados à internet, onde os moradores podem fazer curso de informática básica, acessar a rede e fazer trabalhos escolares.

Só no bairro de Fazenda Coutos, o trabalho de inclusão digital já atendeu mais de mil pessoas, como destaca o comandante da base, tenente Alã Carlos. “Em parceria com a Secretaria de Ciência e Tecnologia, promovemos este curso em 2012, com mais de mil pessoas participando. Nossa idéia é ampliar ainda mais este ano. Oferecemos também outras atividades, a exemplo de educação física para a terceira idade, que era uma demanda da comunidade e de Karatê”, informa o tenente.

Os cursos profissionalizantes são ministrados de segunda a sexta, em uma carga horária que varia de 40 a 200 horas, a depender da atividade. “Nossa idéia não é apenas promover segurança pública, mas também aproximar o policial da comunidade, oferecendo cursos, alguns voltados para jovens e adultos. Todos os policias que atuam nas bases participam de capacitação voltado para policiamento comunitário e direitos humanos, informações que eles vão usar na prática”, declara o secretário de Segurança Pública, Maurício Barbosa.

Trabalhos sociais valorizam moradores

Na Base Comunitária de Segurança do Calabar, primeira a ser instalada em Salvador, apenas este ano mais de 50 pessoas receberam certificados e estão aptas para o mercado de trabalho. A aluna Janine Araújo conseguiu um emprego na área de telemarketing, antes mesmo de concluir o curso na área. “Aqui eu aprendi técnicas que me ajudaram a passar nos teste e dinâmicas realizados pelas empresas. Além disso, ganhei mais autoconfiança e fiquei desinibida porque eu era muito tímida”.

Para o pastor Marthos Esteves, os trabalhos sociais desenvolvidos na comunidade em parceria com os moradores, comerciantes e outras instituições foram fundamentais. “Tivemos redução de violência no bairro, com destaque para a violência doméstica, quase zerada. Os moradores possuem mais autoestima, passaram a ter mais projetos. Os jovens querem estudar e alcançar novos patamares. Temos um comércio mais aquecido, uma liberdade de caminhar tranquilamente pelo bairro, uma nova realidade”, conclui.

De acordo com a subcomandante da base do Calabar, tenente Luciana Araújo, a unidade procura atender a carências do bairro. “Eles nos procuram para resolver problemas de infraestrutura, saúde, entre outros, e nós intermediamos estes contatos com outros órgãos para que essas solicitações sejam atendidas, desde cadastramento do bolsa família, a atendimento médico e odontológico.

Policiamento comunitário será ampliado

Além das sete bases de Salvador, uma em Lauro de Freitas, na região metropolitana, e três no interior, em Feira de Santana, Vitória da Conquista e Itabuna, o modelo de policiamento será estendido para outras localidades da capital e outras cidades, como explica o secretário de Segurança Pública, Maurício Barbosa. “Já temos onze na capital e no interior e vamos inaugurar outra, semana que vem, na cidade de Porto Seguro. Temos a previsão de inaugurar também ainda este ano outras bases, em Feira de Santana e na capital, nos bairros de São Caetano e Engomadeira”. Ainda de acordo com o secretário estas ações fazem parte de uma política de segurança pública, não apenas para bases, mas fortalecimento das ações de inteligência, prisão dos traficantes e ocupação do território onde os traficantes estavam.