O Governo do Estado, por intermédio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), inaugurou, em setembro de 2012, o Tecnocentro, primeira etapa do Parque Tecnológico, que abriga 17 instituições, entre empresas âncoras, institutos de pesquisa e universidades, além de mais nove empresas na incubadora do Tecnocentro. Essas empresas vão desenvolver projetos de pesquisa em diversas áreas, como reabilitação de pessoas portadoras de necessidades especiais, sistemas de informação e comunicação, jogos educativos, tratamento de distúrbios do sono, suporte em telessaúde, entre outros.

Concebido para ser um centro irradiador da inovação, o Parque Tecnológico da Bahia reúne, no mesmo ambiente, os principais agentes dinamizadores voltados à geração de ideias e soluções criativas. Somente no Tecnocentro, foram investidos R$ 53,3 milhões do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e R$ 7,1 milhões de contrapartida do Governo da Bahia. Durante a inauguração, o governo baiano anunciou o investimento de mais R$ 59 milhões na implantação da segunda etapa, que envolve a construção de infraestrutura laboratorial, escola de iniciação científica e museu, com entrega prevista para dezembro 2014.

O parque funcionará como um espaço de convergência e integração científica, no qual o poder público, a comunidade acadêmica e o setor empresarial terão a oportunidade de trabalhar de forma integrada e cooperativa, com foco no desenvolvimento de produtos e processos que tenham impactos regionais positivos e relevantes. “Nossa estratégia para dinamizar o sistema de inovação é agregar as unidades avançadas das instituições que trabalham com pesquisa e desenvolvimento de excelência”, explica o secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado, Paulo Câmera.

Construção sustentável 

O Parque Tecnológico da Bahia está estrategicamente localizado na Avenida Paralela, uma das mais importantes de Salvador, perto de centros de pesquisa e universidades que já atuam na Bahia. O empreendimento tem uma área de 581 mil metros quadrados e está dividido em 83 lotes, sendo 22 públicos e 61 privados. Baseado nos princípios da construção sustentável, o Parque Tecnológico da Bahia foi concebido para ser uma referência arquitetônica, urbanística e ambiental, a partir de um projeto com cuidadoso tratamento paisagístico que preserva a cobertura da Mata Atlântica e o seu relevo.

Fortalecimento das redes de pesquisa

As principais instituições de pesquisa com atuação no território baiano já formalizaram a intenção e encaminharam projetos de pesquisa aplicada para desenvolvimento nos laboratórios do parque. Serão 14 plataformas nas quais estão incluídas 30 linhas de pesquisa que integram parceiros públicos e privados, compartilhando equipamentos e laboratórios. O objetivo comum é fortalecer principalmente a rede de pesquisa das áreas de Biotecnologia e Saúde. Os Laboratórios Especializados estarão dedicados a Saúde, Energias Limpas e Nanotecnologia.

Os Laboratórios Compartilhados vão permitir a cooperação científica entre instituições e pesquisadores e oferecerão suporte à pesquisa e ao desenvolvimento (P&D) em áreas como Bioprospecção de produtos naturais da biodiversidade; desenvolvimento e produção de biofármacos; desenvolvimento de kits para diagnósticos; desenvolvimento de vacinas, terapia gênica e terapia celular; Desenvolvimento de soro regionalizado para acidentes por animais peçonhentos, atendendo às diretrizes da Política de Desenvolvimento da Biotecnologia (PDB) do país.

Edital inscreve projetos para a incubadora até 21 de janeiro

Estudantes e pesquisadores de universidades públicas e privadas têm a chance de apresentar seus projetos de base tecnológica com foco em inovação para concorrer a uma cobiçada vaga na incubadora do Tecnocentro até o dia 21 de janeiro. A Secti está selecionando, por meio de edital público, empreendimentos de base tecnológica dispostos a se instalarem na Incubadora. A seleção também busca ideias inovadoras de empreendedores (pessoas físicas) e comunidade acadêmica (estudantes e pesquisadores) para serem apoiadas pelos recursos, mecanismos e instrumentos oferecidos pelo Sistema Baiano de Incubação.

Para se inscrever, os interessados devem acessar o site da Secti e baixar o edital 004/12. As propostas podem ser encaminhadas até as 18h (horário de Brasília) do dia 21 de janeiro. A comissão julgadora avaliará cada projeto e, após o resultado final, a Secti convocará os classificados para a assinatura do Termo de Permissão de Uso Remunerada, seguindo a ordem crescente de classificação. O resultado da seleção será divulgado no Diário Oficial do Estado e no site oficial da Secti.

Entre os benefícios concedidos aos empreendimentos selecionados, serão oferecidos redução do ISS de 5% para 2%, isenção de IPTU e ITIV, redução de até 90% no ICMS nos serviços de telecomunicações, diferimento do ICMS na aquisição de equipamentos importados e acesso a Bolsas do Programa Proparq, com valores que vão de R$ 3 a R$ 14 mil. Além disso, as empresas incubadas serão assessoradas pela Fundação CERTI, pioneira na modelagem e gestão de ambientes de inovação.

Pesquisas apontam novas aplicações para o sisal

Fibra natural dura e ambientalmente sustentável, o sisal tem tudo para virar a nova aposta do setor industrial para os mais variados fins. Pesquisas apoiadas pela Secti descobriram que, mais do que a fibra, largamente utilizada no artesanato baiano, os outros compostos da planta podem ser aproveitados na formulação de xampu anticaspa, creme contra micoses e fungos, utilizados na cultura de um cogumelo altamente nutritivo para alimentação humana ou até servir de matéria-prima para fabricação de móveis.

A descoberta foi feita a partir da pesquisa e inovação, e coube à Secti o papel fundamental de incentivar esses estudos, para obter o máximo de aproveitamento do sisal com o objetivo de apoiar o desenvolvimento de atividades baseadas na exploração sustentável do semiárido baiano. O sisal é largamente produzido na Bahia, que responde por 95% da produção dessa fibra no Brasil, maior produtor do mundo. O sisal (Agave Sisalana) é cultivado em 68 municípios do semiárido baiano e representa a principal atividade econômica da região.

“Hoje só se aproveitam 4% deste sisal, que é a fibra. Já sabemos que é possível aproveitarmos os demais 96%, incluindo o suco e a mucilagem”, destaca Paulo Câmera. Todo o esforço faz parte do projeto Sisal de Base Tecnológica, no qual estão sendo investidos cerca de R$ 7 milhões e que tem como parceiros 15 cientistas – da Universidade Federal do Recôncavo (UFRB) e do Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia (Cimatec) na Bahia, da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP), Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e Universidade Federal de Viçosa (MG).

Instalação de biofábricas e plantio em 67 municípios

O projeto prevê ainda a instalação da biofábrica para produção de mudas por micropropagação do sisal e já foi realizada a primeira fase do estudo agroecológico que vai apresentar o levantamento e determinação das áreas de plantio do sisal em 67 municípios baianos, para posterior implantação de viveiros aclimadores e viveiros de distribuição nessa região.

Outras metas do projetos é a implantação de Unidade Piloto Estacionária de Desfibramento Contínuo, com separação da mucilagem, suco e bucha de campo e desenvolvimento de projetos para a produção de compósitos destinados às indústrias automobilística, construção civil, eletroeletrônica, moveleiro e fibrocimento.