O Carnaval de Salvador reúne, anualmente, dois milhões de foliões, mas nem todas estas pessoas querem se divertir. Alguns se aproveitam da vulnerabilidade social para explorar crianças e adolescentes. A fim de combater esse tipo de ação, os governos federal e estadual, em parceria com Ministério Público e entidades sociais lançaram nesta sexta-feira (1º), na Fundação Luís Eduardo Magalhães (Flem), em Salvador, a campanha ‘Solte a Voz nesse Carnaval’, em cerimônia com a presença do governador Jaques Wagner e da ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário.

O objetivo é mobilizar foliões para que denunciem casos de violência sexual e exploração do trabalho infantil. As denúncias anônimas devem ser feitas por meio do Disque 100. Focando duas formas extremas de violação – a exploração sexual e o trabalho infantil – a campanha será divulgada por meio de peças de outdoor espalhados pela cidade, anúncios, spots, jingle, peças de internet, além de adesivos, blimp, abanadores-megafones, folhetos e cartazes, que serão distribuídos em pontos estratégicos como aeroporto, rodoviária, porto marítimo, ferryboat, hotéis, restaurantes e nos circuitos da festa.

De acordo com a ministra Maria do Rosário, as denúncias de violência infantil estão aumentando em todo Brasil. No total, no ano passado, 120 mil ligações para o Disque 100 denunciaram algum tipo de violência contra a criança e adolescente em todo país. Destas, 40 mil eram sobre exploração sexual infantil.

“Às vezes me perguntam se a violência está aumentando, mas na verdade, as pessoas estão se conscientizando e denunciando. Houve um aumento significativo nas denúncias. Quando uma pessoa pega o telefone e liga para o Disque 100, ela está contribuindo para proteger as crianças e adolescentes que sofrem com todos os tipos de violência”, enfatizou a ministra.

Relatório

O Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedeca) elaborou no ano passado um, relatório que apontou os diversos tipos de violência que as crianças e adolescentes são submetidas. Algumas delas, exposição à situação de racismo e ao álcool e drogas, além de violência sexual e exploração laboral.

“Para mim, que sou adolescente, esta campanha é muito importante, porque pode ajudar a muitas crianças. Muitos adolescentes se sentem ameaçados e, por isso, preferem se calar diante da violência. Mas, por meio de ações como essas, as denúncias podem ser feitas sem revelar a identidade. Isso facilita muito”, ressalta a estudante Geovana Gomes, 16 anos.

Na Bahia, a Delegacia de Repressão a Crimes contra Criança e Adolescentes (Derca) recebeu, por meio do Disque 100, 16 mil denúncias de violência contra criança e adolescente.

O governador Jaques Wagner afirmou que a campanha é permanente e faz parte do cotidiano do estado. ”Fazemos isso junto com artistas, cantores, empresários da música que estão preocupados em conscientizar à população e no combate à violência contra crianças e adolescentes. É importante proteger nossas crianças da exploração sexual e do trabalho infantil".

Acolhimento temporário

Para o combate ao trabalho infantil, será intensificado durante o Carnaval, o acolhimento temporário. A ação vai atender filhos de ambulantes e de catadores de materiais recicláveis.

A secretária de Desenvolvimento Social e de Combate a Pobreza, Mara Moraes, explica que nos circuitos devem ser atendidas cerca de 120 crianças, que terão pais trabalhando durante a festa. Mas os ambulantes foram conscientizados a não levarem seus filhos para a folia.

Publicada às 11h
Atualizada às 16h35