Ícone da arquitetura moderna baiana e tombado desde 2010 pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), órgão da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult), como bem cultural do Estado, o Hotel da Bahia foi reformado e reaberto no início deste mês.

A ação demonstra que outros imóveis protegidos pelos poderes públicos também podem ser reformados, desde que devidamente orientados e autorizados por instituições responsáveis pelo processo de tombamento.

“Os projetos de reformas são submetidos à equipe técnica especializada e as empresas sempre acatam as orientações do Ipac”, diz o diretor-geral do órgão, Frederico Mendonça. Ele orienta aos interessados no sentido de consultarem o site [www.ipac.ba.gov.br] a fim de saberem se o imóvel que ocupam é tombado pelo Estado.

Consulta prévia

Frederico Mendonça disse ainda que o Ipac sempre recebe demandas de pessoas querendo conhecer os procedimentos legais para imóveis tombados pelo Estado. Explica que esses imóveis podem sofrer reformas, desde que sob a supervisão técnica e liberação do instituto.

De acordo com as informações do diretor-geral do Ipac, além do governo estadual, as prefeituras e o governo federal, por meio do Ministério da Cultura, também têm imóveis tombados e protegidos legalmente na Bahia.

“A consulta prévia é fundamental para evitar problemas futuros”, comenta Mendonça, citando caso das Lojas Insinuante que destruíram um mural do artista baiano Carlos Bastos no Edifício Argentina, no Comércio, tombado desde 2002 pelo Ipac, e tiveram que restaurá-lo por exigência do Ministério Público da Bahia.

Segundo informações do Ipac, o Hotel da Bahia, localizado no Campo Grande, centro de Salvador, foi reformado pelo grupo GJP Hotels & Resorts com investimento de R$ 101 milhões. Cerca de R$ 31 milhões foram utilizados na compra do prédio e R$ 70 milhões no processo da reforma, que preservou um mural do artista Genaro de Carvalho (1926-1971) tombado individualmente desde 1981.

Outro exemplo de tombamento e reforma é o Edifício A Tarde, na Praça Castro Alves, também no centro da capital baiana. Originário do início do século XX e importante exemplar do estilo ‘art déco’, o prédio está tombado provisoriamente pelo Ipac e passa por reforma para abrigar um hotel seis estrelas.

Diferencial

Para o diretor do Hotel da Bahia, Paulo Gaudenzi, é fundamental que prédios tombados tenham proprietários que entendam a importância do patrimônio e conservem esses imóveis. “Ganhamos com retorno de imagem e com apelo mercadológico que os consumidores avaliam positivamente, já que hospedar-se em prédio tombado tem valor e charme diferenciados”.

Segundo ele, o prédio do Hotel da Bahia dispõe de outros painéis, além da obra artística de Genaro de Carvalho. “Temos três obras de Carybé, uma de Julio Spinosa, outro de Fernando Duarte e a azulejaria externa de Paulo Antunes na fachada”, que também foram restauradas com investimento de R$ 150 mil. “A nossa relação com o Ipac foi a melhor possível. Tivemos apoio nas alterações sugeridas e toda orientação técnica necessária”, finaliza Gaudenzi.