Melhorar a qualidade de vida de centenas de mulheres indígenas que vivem no extremo sul do estado é o objetivo da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), vinculada à Secretaria da Agricultura (Seagri), por meio da Gerência Regional de Teixeira de Freitas. As aldeias das etnias Pataxós e Pataxós Hã-Hã-Hãe recebem periódicas visitas de técnicos do órgão para prestar orientação sobre os diversos trabalhos voltados ao desenvolvimento socioeconômico das comunidades.

Cursos sobre horticultura orgânica, culinária com produtos derivados da mandioca, doces, geleias, compotas, artesanatos feitos com penas, sementes, tecidos, materiais recicláveis e bijuterias são algumas das capacitações promovidas pela EBDA. Participam dos trabalhos aproximadamente 100 mulheres dos municípios de Alcobaça, Prado e Itamarajú.

A técnica da Empresa, Rosália Ferreira, explica que as atividades de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) para mulheres indígenas representam uma grande conquista. “Conseguimos capacitar diversas índias para executarem trabalhos que agregam renda para as famílias. O resultado pode ser visto na qualidade de vida das aldeias, onde foram concretizadas ações da EBDA”.

Agroecológica

Também são realizados trabalhos na linha agroecológica, onde são demonstradas práticas de agricultura orgânica na produção de alimentos. Cursos para cultivo de hortas, oficina de compostagem orgânica, defensivos naturais e homeopatia são algumas das ações executadas pela EBDA, com o foco ecológico sustentável.

Segundo Rosália, “a intenção a partir dessas atividades é estimular o uso de alimentos saudáveis, livres de agrotóxicos e a comercialização dos mesmos, já que é um produto de excelente qualidade e cultivados por índias”. A índia Pataxó Hã Hã Hãe, Eliandes de Jesus Silva, da aldeia Renascer em Alcobaça, diz que as atividades realizadas na aldeia contribuíram bastante para o acréscimo da renda das famílias.

Ela afirma que a comunidade aprendeu “plantar corretamente a mandioca, o milho e o feijão. Já estamos comercializando esses produtos na feira livre. A partir da capacitação da EBDA também foi possível fazer peças de artesanatos, que usamos no dia a dia e em eventos, como colares, pulseiras e tangas. Acredito que estamos caminhando para a independência financeira”.

Associação

Alface, cenoura, quiabo, plantas medicinais, couve, coentro, entre outras leguminosas, são cultivados pelas mulheres pataxós. O trabalho é realizado em família. Todos se envolvem nas atividades – filhos, netos, sobrinhos e até mesmo os esposos, que apoiam as iniciativas.

As ferramentas de associativismo e cooperativismo andam lado a lado com as indígenas dessa região, que, juntas, formaram uma associação comunitária na aldeia Renascer em Alcobaça, para as mulheres da etnia Pataxó Hã-Hã-Hãe. Reuniões para divulgação de políticas públicas para mulheres, palestras, seminários e cursos são realizados na associação. “As mulheres indígenas já possuem Declarações de Aptidão ao Pronaf (DAP) e conhecem seus direitos”, enfatiza a técnica Rosália Ferreira.