Para elevar a qualidade dos chocolates produzidos pela Bahia Cacau, primeira fábrica de chocolate da agricultura familiar do Brasil, o governo estadual, via Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), da Secretaria de Desenvolvimento e Ação Regional (Sedir), realizou na terça-feira (16), no município de Ibicaraí, região sul da Bahia, um curso de capacitação envolvendo funcionários da unidade.

Destinado também aos técnicos da CAR e membros da Cooperativa da Agricultura Familiar e Economia Solidária da Bacia do Rio Salgado e Adjacências (Coopfesba), entidade responsável pela gestão da fábrica, o curso permitiu à unidade receber a capacitação em classificação de cacau de qualidade.

A iniciativa é resultado de uma parceria entre a CAR e a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que atua nos estados da Bahia, Espírito Santo, Pará, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso.

De acordo com os técnicos da área de qualidade da Ceplac, William Souza da Silva e Joseval Menezes de Martins, para obter um produto final de qualidade é necessário classificar o cacau observando fatores como aroma, umidade e existência de mofo antes da aquisição das amêndoas.

Durante o encontro, os técnicos da Ceplac apresentaram os fatores a serem analisados para a realização da classificação do cacau de qualidade, a exemplo do descarte de amêndoas que apresentam mofo causado pela presença de fungos, danos causados por insetos e amêndoas que não são fermentadas, conhecidas como ardósias.

Outros aspectos também são identificados, a exemplo da fermentação inadequada de amêndoas que não alcançam a maturação ideal, chamadas de violetas, aquelas fermentadas excessivamente, com odor característico de material em estágio de putrefação, e odores estranhos de outras naturezas, cheiro de fumaça ou amêndoas germinadas que apresentam a casca furada.

Segundo a engenheira de alimentos e técnica da CAR responsável por prestar consultoria à Bahia Cacau, Simone Sampaio, a avaliação e a classificação do cacau são muito importantes para a qualidade do chocolate. “A classificação das amostras de cacau é indispensável para garantir a qualidade do chocolate especial”.

Para o presidente da Coopfesba, Paulo Ramiseces, a iniciativa é muito boa, mas é necessário melhorar o sistema de beneficiamento das amêndoas do cacau. “Já estamos nos articulando com a CAR para convidar os produtores da agricultura familiar da região para conhecer a fábrica e a proposta de produção do chocolate especial”.

A CAR, em parceria com a Ceplac, já está viabilizando uma proposta de capacitação em beneficiamento das amêndoas de cacau que contempla desde a colheita adequada e quebra do fruto, até a fermentação e secagem, para a produção de amêndoas de qualidade.

Benefício para 300 famílias da agricultura familiar

A Bahia Cacau, que opera em sistema cooperativado, envolvendo agricultores cadastrados na Coopfesba e funcionários contratados no município de Ibicaraí, produz chocolates especiais apresentados nas versões de 70%, 56,6% e 46% de cacau.

O empreendimento agrega valor à produção da amêndoa do cacau, beneficiando cerca de 300 famílias de produtores de cacau vinculados à agricultura familiar nos municípios de Ibicaraí, Coaraci, Buerarema, Itajuípe, Uruçuca e Floresta Azul.