Uma parceria entre a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), a prefeitura de Souto Soares e agentes financeiros permitiu a instalação de nove cozinhas comunitárias no município, que hoje ajudam na manutenção de famílias agrícolas. As comunidades rurais transformam produtos como a mandioca em ‘pipoquinha-avoador’, bolachinha, bolo e beiju, destinados ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).

“Este trabalho representa um instrumento de intervenção eficiente no fornecimento de alimentação de qualidade para a população em situação de vulnerabilidade social e de risco alimentar”, afirma o presidente da EBDA, Elionaldo de Faro Teles.

As comunidades de Pocinho, Quixaba de Caatinguinha, Mundo Novo, Morrinhos de Baixo, Sítio Novo, Campo Alegre, Lagoa Nova, Pau Ferro e Jacarandá, em Souto Soares, onde as cozinhas estão instaladas, fornecem comida balanceada e de qualidade tanto para os beneficiários do PAA, quanto aos estudantes do Pnae, além do comércio local, para onde o excedente da produção é destinado.

As famílias que trabalham no grupo Delícias da Mandioca formam uma equipe de 52 pessoas (39 mulheres e 13 homens), da Associação Comunitária de Pocinho, que produz 80 quilos de massa, onde dona Eva Rosa de Souza faz os contatos comerciais com padarias e mercadinhos da região para expandir o mercado de trabalho do grupo.

Segundo dona Eva Rosa, só com o PAA são beneficiadas 2.173 famílias em situação de insegurança alimentar. No total, os beneficiários pertencem a seis associações e a dez outras comunidades de Souto Soares.

Além de produzir derivados, o Delícias da Mandioca tem seus próprios fornecedores de matéria-prima. A assistência técnica na produção agrícola é prestada pela EBDA, em uma área comunitária de 4,5 hectares, onde é plantada a mandioca.

Beneficiamento da raiz da mandioca

Com orientação dos técnicos da empresa, o grupo aprendeu sobre plantio, tratos culturais e colheita da mandioca e promoveu o intercâmbio com outras agricultoras, que ensinaram sobre o beneficiamento da raiz, na cozinha comunitária.

“Tudo começou em 2005, quando só tínhamos um projeto. De lá pra cá, toda a comunidade ganhou ótimas mudanças. Conseguimos colocar, com recursos próprios, água encanada. Implantamos um depósito, um galpão, compramos um carro e montamos nossa sede”, conta Eva.

O ex-técnico da EBDA, Vinícius Luna, hoje secretário municipal de Agricultura, informa como os trabalhos foram desenvolvidos a partir da parceria da prefeitura com a EBDA. “A empresa ajudou as comunidades com treinamentos e capacitações técnicas para produção dos derivados da mandioca e agora vamos implantar, nessa mesma parceria, cinco quintais produtivos e duas áreas experimentais de palma, para fortalecer o trabalho das comunidades”.

A prefeitura ainda auxilia os agricultores familiares com um espaço dedicado à comercialização dos seus produtos, o Bazar do Artesanato Municipal. Manoel de Almeida, morador da comunidade de Pocinho, relata que, além do trabalho que ele desenvolve com a terra, aprendeu na cozinha comunitária a fazer bolo, tornando-se um especialista na atividade. “Pensava que não seria capaz de fazer tantos tipos de bolo, mas hoje faço isso com prazer”.

Já Maurina Maura Rodrigues, do Grupo Comunitário dos Derivados da Mandioca, em Quixaba de Caatinguinha, declara que a produção em conjunto ajudou a unir ainda mais os moradores da localidade. “Produzimos 300 quilos de produtos por mês e nos unimos para garantir mais qualidade”.

Também participam da parceria a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Banco do Nordeste).