A música é uma das ferramentas mais eficazes para atrair o estudante ao universo da educação, de forma prazerosa, aumentando sua autoestima. Ao se sentir comprometido com a atividade, ele atendem aos compromissos pedagógicos com mais responsabilidade e interesse. Assim acredita o professor e percussionista Cleber Conceição da Paixão, do Colégio Estadual Helena Celestino Magalhães, no bairro do IAPI, em Salvador.

Com Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 3,3 em 2011 (em 2002, era de 2,6, e 2009, de 3,1), o colégio oferece aos seus 762 estudantes, a Educação Integral, que permite participarem de atividades orientadas e reforço escolar, no turno diferente ao que está matriculado.

“O programa busca diversificar o universo de experiências educativas, científicas, artísticas, culturais e esportivas, numa parceria entre a escola e a comunidade, bem como ampliar a permanência das crianças e adolescentes na escola, buscando desenvolver todas as dimensões da formação humana”, ressalta o diretor da unidade, Perieldo Barros.

Na unidade é realizado um trabalho, segundo o diretor, que envolve os estudantes no laboratório de informática, na rádio da escola, nas oficinas de hip-hop, vídeo, histórias em quadrinhos, teatro e dança, além do reforço de matemática e português. A escola já foi representada ainda no projeto Artes Visuais Estudantis (AVE) pelo aluno Carlos Henrique Santos, que teve duas obras classificadas – uma em homenagem ao escritor Jorge Amado e outra ao candomblé.

Aluno do 3º ano, Carlos Henrique diz que esses e outros programas, em especial o Mais Educação, são experiências ímpares para os estudantes. “O programa é uma boa prática porque faz com que os estudantes possam ter outras atividades no turno diferente ao qual estudam. Isso é ótimo para ajudar no aprendizado, além de divertir e interagir com os colegas. Acho muito interessante as oficinas de dança e de teatro”.

Música e informática

O professor Cleber explica que o trabalho acontece com os estudantes há quatro anos e já rende alguns resultados positivos, como a participação no Festival Anual da Canção Estudantil (Face), promovido pela Secretaria da Educação do Estado. “É uma experiência exitosa, que me deixa muito feliz porque, a partir da música, conseguimos trazer muitos estudantes de volta aos estudos, incentivados por uma atividade lúdica e educativa. As famílias agradecem, pois constatam uma mudança positiva em seus filhos”.

O ex-aluno do colégio e, atualmente, bailarino, coreógrafo e professor de dança do programa Mais Educação, Vagner Jesus dos Santos, compartilha a opinião de que a atividade artística envolve os estudantes a ponto de eles se voltarem às disciplinas formais com mais afinco. “Além disso, a dança melhora a autoestima deles. Inclusive, já temos uma montagem – Cultura Urbana -, que é apresentada em outras escolas”.

A oficina de informática também é muito concorrida, segundo o professor Clício Machado Figueiredo Silva. “As pessoas que hoje não dominarem a ferramenta estão fora do tempo. Se eu fosse aluno, abraçaria essa oportunidade com toda força”, diz ele, ressaltando o trabalho com os estudantes na sala de informática na produção de vídeos educativos e de divulgação.

Iniciativa

A política de Educação Integral na Bahia inclui aulas de português e matemática, além de atividades educativas complementares de ciência, artes, esportes e cultura. Os estudantes contam com alimentação escolar nos três turnos, incluindo o almoço. Neste ano, o número de estudantes da rede estadual beneficiados passou de 4.390 para 80 mil, distribuídos em 81 unidades escolares, sendo 42 na capital e 39 no interior do estado. Em 2012, apenas nove escolas em Salvador e duas no interior ofereciam ensino de tempo integral.