As obras dos artistas plásticos Carlos Magano e Jenner Augusto, intituladas de ‘Evolução do Homem’, foram devolvidas, nesta quarta-feira (5), à Escola Parque, na Caixa d’Água, totalmente restauradas. Produzidas entre 1953 e 1954, os afrescos retratam o período modernista das artes na Bahia. As pinturas fazem parte do acervo da unidade de ensino e representam a história da arte na Bahia.

Segundo o secretário da Educação, Osvaldo Barreto, os dois afrescos pertencem a um grupo de sete obras de arte que estão sendo restauradas por meio da parceria entre as secretarias da Educação e Cultura do Estado. São painéis e murais do período modernista das artes plásticas na Bahia, tendo a autoria de artistas renomados, nacional e internacionalmente, como Carybé, Maria Cecília Amado, Jenner Augusto, Carlos Bastos, Djanira Motta da Silva e Carlos Magano.

As obras estão distribuídas em três das oito unidades de ensino do complexo educacional Carneiro Ribeiro, idealizado pelo baiano Anísio Teixeira nos anos 1950. De acordo com o professor de Restauração de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e coordenador da recuperação, José Dirson, as obras marcam o início da arte moderna na Bahia e são os primeiros painéis neste estilo no estado.

Vandalismo

Ele conta que as pinturas estavam completamente danificadas tanto pela ação do tempo quanto por atos de vandalismo, tornando o trabalho de restauro mais minucioso e demorado. “Nas pinturas encontramos arranhões, pichações, tintas, até pregos. Contabilizei mais de 100 pregos fixados nas obras, destruindo sensivelmente pinturas que fazem parte da nossa história. Houve outras contribuições para o estrago dos acervos, como cupins e a própria ação do tempo”, afirmou.

Para o restauro dos painéis, afrescos e murais estão sendo investidos R$ 755 mil da Secretaria de Educação. Já a Secretaria da Cultura, por meio do Instituto de Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), foi responsável pelo processo de licitação e fiscalização. As restaurações atendem as diretrizes de transversalidade e articulação da Secult-BA.

“É super importante a recuperação destas obras, porque são fundamentais na história do modernismo na Bahia. Na época que foram lançados, na década de 1950, tinha sido a primeira vez que o governo do Estado investia em obras de arte desse estilo”, enfatizou o secretário da Cultura, Albino Rubim.

Conversando sobre Patrimônio

No mesmo evento foi lançada a mais nova coleção de publicações da Secult-BA, via Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), as apostilas ‘Conversando sobre Patrimônio’. Essa nova coleção reúne, em cinco volumes, com cerca de 150 ilustrações, as compilações de palestras de especialistas e debates públicos que ocorreram no Conselho Estadual de Cultura da Bahia (CEC) no ano de 2011 sobre os bens culturais materiais e imateriais da Bahia e as suas ações de salvaguarda.

O objetivo do projeto ‘Conversando sobre Patrimônio’ foi colher elementos para balizar ações voltadas para a preservação dos bens culturais da Bahia. Cinco dessas conversas foram escolhidas e transformadas em apostilas. A primeira é sobre a salvaguarda do patrimônio afro-brasileiro, com destaque para os terreiros do candomblé.

As demais destacam, respectivamente, o patrimônio e festas populares; patrimônio material e imaterial do cortejo do dois de julho; construção de um sistema estadual de patrimônio, tomando como base a experiência do ICMS Cultural de Minas Gerais; e, por último, os circuitos arqueológicos da Chapada Diamantina.