Especialistas nacionais e internacionais estão reunidos em Salvador, até a próxima sexta-feira (21), para participar da primeira Oficina de Avaliação de Riscos de Espécies em Extinção. Promovido pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), o encontro, que ocorre no Hotel Sol Plaza, em Armação, vai avaliar o estado de conservação das espécies de répteis e anfíbios – cerca de 400 – que ocorrem na Bahia. Os trabalhos serão realizados com base na metodologia estabelecida pela União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN) – organização que elabora a lista global de espécies ameaçadas – e dará origem à Lista Estadual de Espécies Ameaçadas de Extinção.

O superintendente de Estudos e Pesquisas Ambientais da Sema, Luiz Antonio Ferraro, destacou que a Lista de Espécies Ameaçadas integra um conjunto de esforços estruturantes da gestão ambiental, que dará suporte para a decisão e o controle ambiental. “Instrumentos como o Mapeamento da Cobertura Vegetal, a própria Lista de Espécies, as Áreas Prioritárias para Conservação e o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), entre outros, nos ajudarão a melhorar, respaldado em informação, o processo de licenciamento ambiental”. Segundo ele, a lista também pode subsidiar a definição de áreas prioritárias para conservação, servindo como base de informação para a política de biodiversidade e de unidades de conservação.

“A Bahia é um dos poucos estados brasileiros a iniciar esse processo e é fundamental trabalharmos em parceria. Quando analisamos as espécies no recorte do estado, lançamos um olhar mais detalhado. Neste aspecto, soluções de conservação podem ser melhor definidas e trabalhadas regionalmente, contribuindo para a conservação das espécies. As ações e soluções devem ser locais, por isso esse entrosamento nacional e estadual é fundamental”, avaliou a representante do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Rosana Subirá.

Conservação e Metodologia

Para a professora da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) e representante do Instituto Dríades, Sofia Campiolo, essa etapa inicial do trabalho permitirá conhecer o estado de conservação das espécies na Bahia. “No processo para elaboração dessa lista, nós fazemos uma análise geral da biodiversidade no estado e quais as espécies que estão ameaçadas. Identificando estas espécies e entendendo a razão e os processos que as ameaçam, poderemos fundamentar a política ambiental do estado, oferecendo ferramentas e atuando de forma mais efetiva. Esperamos que, ao longo do processo, isso se estabeleça como uma forma de monitoramento”.

Rosana Subirá falou ainda sobre a metodologia utilizada para avaliação das espécies, recomendada pela IUCN e adotada pela Sema. “Utilizar essa metodologia é importante, pois nos permite realizar comparações com outros estados ou países, em várias escalas. Em todo o mundo, as avaliações são feitas dessa forma”, ponderou. Ela destacou que, durante a oficina, serão avaliadas cerca de 400 espécies (200 de anfíbios e 200 de répteis), mediante critérios da IUCN. “Neste aspecto, vamos avaliar qual a situação do estado de conservação das espécies analisadas, quais podem estar ou não ameaçada”.

Lista de Espécies

A Lista de Espécies Ameaçadas tem a função de orientar programas e planos de ação para conservação e recuperação da fauna e flora. São utilizadas, por exemplo, na definição de áreas prioritárias para a biodiversidade, implantação de unidades de conservação e na definição de diretrizes e metas de conservação, além de medidas mitigadoras de impactos ambientais. Também, servem para dar suporte ao licenciamento de empreendimentos, no acesso a recursos genéticos e no manejo de recursos pesqueiros e florestais, bem como na aplicação e orientação de financiamentos a pesquisas científicas.

A elaboração da Lista Estadual de Espécies Ameaçadas de Extinção conta com o apoio do Fundo Estadual de Recursos para o Meio Ambiente (Ferfa), Coelba, ICMBio, Conservação Internacional, Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) e do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Já a equipe de pesquisadores que integram a coordenação da lista estadual envolve especialistas nos diversos grupos da fauna e flora das universidades baianas – Uesc, Ufba, Uesb e Uefs – além do acompanhamento de técnicos da Sema e do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema).