A Secretaria de Cultura (SecultBA) e a Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) lamentam imensamente a perda do grande bailarino, coreógrafo e educador Augusto Omolú, e se solidarizam com a dor da família e amigos que foram surpreendidos pela violência de seu falecimento. Com uma história profissional de mais de 30 anos, iniciada como aprendiz de Mestre King e Emília Biancardi, este soteropolitano, ícone da dança brasileira, com carreira internacional reconhecida, era especialista em danças afro-brasileiras.

Omolú integrava o Balé Teatro Castro Alves (BTCA) há mais de três décadas. Ao lado do curador artístico da companhia, Jorge Vermelho, estava vivendo um processo de transição para ocupar o posto de assessor artístico do grupo. “É uma tristeza muito grande. O BTCA fica vazio. Augusto Omolú sempre foi muito intenso, de alegria contagiante, uma presença que só fazia somar. Era uma figura de muita produtividade, amigo e companheiro muito importante. Resta-nos a indignação diante da violência que assola o país. Fico muito triste de receber e compartilhar esta notícia com a classe da dança da Bahia”, lamenta Jorge Vermelho.

Comprometido, íntegro e querido por todos, Omolú retornou ao Brasil há cerca de dois anos, após viver na Dinamarca como membro do Odin Teatret, fundada e dirigida por Eugenio Barba, uma das mais importantes e respeitadas companhias do mundo. Desde então, estava atuando como professor da Escola de Dança da Funceb, onde ministrava aulas de qualificação profissional e de cursos livres a partir de sua pesquisa e trabalho com a dramaturgia da dança dos orixás, compreendida não apenas como técnica, mas também como um pensamento que ele sistematizava com cada vez mais competência.

“Estamos perdendo não apenas o Augusto artista, mas o Augusto educador. Um cidadão comprometido com a arte e com a educação baseada na inclusão de crianças e jovens. Tive a felicidade de conhecê-lo e conviver de perto com ele e com a sua sensibilidade durante os últimos dois anos”, afirma Beth Rangel, diretora da Escola de Dança e do Centro de Formação em Artes da Funceb, que acredita que os ensinamentos deixados por Omolú ficarão marcados em muitos seguidores e admiradores.

Durante o período na Escola, ele articulou parcerias com ações como o Projeto Axé e buscava encontrar soluções para a inserção dos alunos na sociedade, numa luta contra a exclusão e a violência. “Ele era um artista brilhante e um professor de mão cheia. Voltou de sua temporada estrangeira ainda melhor enquanto pessoa e artista. Eu o vejo de forma muito diferenciada. Com uma atuação peculiar no que diz respeito à ligação da questão artística à questão humana. Não são todas as pessoas que têm esta habilidade de unir pessoas e grupos, nem mesmo tamanho respeito à coisa pública, ao espaço público”, completa Beth.

Augusto Omolú foi encontrado morto em sua residência, na cidade de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, no domingo (2). O corpo será velado no Foyer do TCA na tarde desta segunda-feira (3). O sepultamento ocorrerá na terça-feira (4), no Cemitério da Ordem 3ª Secular de São Francisco, no turno matutino, em horário a ser confirmado.

Conselho Estadual de Cultura

O Conselho Estadual de Cultura da Bahia (CEC) se solidariza com os familiares de Augusto Omolú e lamenta essa perda como se uma parte da ebulição cultural dessa terra estivesse agora adormecida. Nos resta a esperança de que a trajetória desse artista sirva de inspiração para que outros tenham a coragem e competência de seguir os seus passos na difícil tarefa de ser um profissional da arte.