A Bahia sediou o lançamento nacional da segunda edição do Edital Núcleo de Formação de Agente de Cultura da Juventude Negra. A iniciativa do Ministério da Cultura, por meio da Fundação Cultural Palmares (FCP), prevê investimento de aproximadamente R$ 4 milhões em todo o Brasil para a qualificação profissional de 1.200 jovens negros, cerca de 350 deles no Nordeste, que vão atuar no mercado brasileiro.

O lançamento foi realizado nesta quinta-feira (18), no Palácio Rio Branco, em Salvador, pela ministra da Cultura, Marta Suplicy, com a presença do governador Jaques Wagner. Antes da cerimônia, a ministra, o governador e outras autoridades visitaram o Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), no Centro Antigo de Salvador, e fizeram reunião técnica para discutir a federalização do espaço.

“Nossas dívidas ainda são muito grandes com o povo africano, que aqui chegou escravizado para construir a nação brasileira, e contribuiu com a nossa religiosidade, a nossa cultura, a nossa culinária. Este resgate tem que ser feito principalmente por aqueles que militam no movimento e nós, como governo, fazemos políticas públicas para abraçar esta luta de afirmação e resgate”, destacou Wagner.

Cada aluno receberá bolsa de incentivo

Com recursos do Fundo Nacional de Cultura (FNC), o edital selecionará dez propostas de entidades, que possuam capacidade técnica e administrativa, para oferecer cursos de formação profissional na área cultural a jovens negras e negros do ensino fundamental e médio completo e incompleto – oriundos das classes sociais C, D e E – de todas as regiões brasileiras. Cada aluno receberá bolsa incentivo que poderá ter duração de até dez meses. As capacitações são nas áreas de iluminação cênica, figurinista, desenhista de moda e mais 15 cursos.

De acordo com o presidente da Fundação Palmares, Hilton Cobra, os jovens negros querem fazer cursos, mas não têm condições de arcar nem com as despesas do transporte. “Nossa vontade é que logo depois dos cursos, os jovens já estejam encaminhados para atividades profissionais”.

Segundo o secretário da Promoção da Igualdade, Elias Sampaio, o edital é necessário para aprofundar o processo de empoderamento da juventude negra e para o desenvolvimento das políticas públicas que atendem a esse segmento. “É um passo muito significativo do ponto de vista institucional. A ideia é formar os jovens para o mercado de trabalho numa área importante para a sobrevivência financeira e afirmação enquanto representante da cultura negra”.

Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira

Para a ministra Marta Suplicy, o Muncab é um espaço importante. “O prédio é lindo. Agora é preciso um encaminhamento à altura. O museu tem algumas pendências jurídicas e, após o saneamento destas pendências, estamos estudando a federalização. Um projeto de lei irá tramitar no Congresso Nacional para a federalização e criação dos cargos”.

Quanto à federalização do Muncab, o governador Jaques Wagner ressaltou que, dos 30 museus federais existentes no Brasil, nenhum está na Bahia, estado onde o país começou. “Além dos pontos de cultura, que temos espalhados, teremos um museu federal sobre um assunto tão marcante na cultura nacional. Somos a capital africana no Brasil. O que precisamos fazer é um diagnóstico do que já foi feito e do que há de pendência para a federalização”.

Publicada às 17h50
Atualizada às 19h