A Secretaria de Segurança Pública (SSP) apresentou nesta segunda-feira (15), no auditório de sua sede, no Centro Administrativo da Bahia (CAB), os traficantes Augusto Santos Vilas Boas, 20 anos, Cleibson Barreto Oliveira, 20, e Frederik Henry, 42, envolvidos no duplo homicídio de João Solidade da Silva, 34, e Paulo Roberto Carvalho Lima, 53, mortos a tiros no dia 8 de maio último, por volta do meio dia, na Praça da Piedade.

“A elucidação deste crime é resultado de um incansável trabalho da Polícia Civil, que, num período de apenas 60 dias de investigação, conseguiu apresentar à sociedade a prisão de três criminosos de alta periculosidade”, afirmou o secretário Maurício Teles Barbosa, que, acompanhado do delegado-geral da Polícia Civil Hélio Jorge, conduziu a coletiva de imprensa.

O delegado-geral disse aos jornalistas que as investigações revelaram o envolvimento de João e Paulo Roberto com o tráfico de entorpecentes, no estado do Amazonas, sendo fornecedores de drogas à quadrilha integrada pelos três acusados.

Os dois estavam em Salvador, pressionando a quadrilha para receber o pagamento da última remessa entregue. Os delegados Jorge Figueiredo, diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), e Iracema de Jesus, diretora do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), também participaram da coletiva.

Mandante

Joseval Bandeira, apontado como mandante do crime, liderava o tráfico no Nordeste de Amaralina e está custodiado na Unidade Especial Disciplinar (UED), no Complexo da Mata Escura. Seus comparsas – Adimilson Silva de Jesus, 42, Raimundo de Oliveira Moreira, 50, e Deivides Jesus Pimentel dos Santos, 26 -, que estão custodiados no Complexo da Mata Escura, também têm envolvimento no duplo homicídio.

João e Paulo Roberto teriam negociado 500 quilos de crack, com a quadrilha de Joseval, que decidiu não pagar pela droga e ordenou a execução. Segundo o diretor do DHPP, Jorge Figueiredo, a droga está avaliada em R$ 800 mil e renderia ao bando cerca de R$ 2,5 milhões, depois da revenda. “Toda a operação foi feita do presídio por meio de aparelhos celulares”.

“Estamos buscando, mais do que nunca, em parceria com o sistema prisional, isolar estas áreas para que aparelhos de telefonia celular não funcionem naquela localidade”, disse o secretário Maurício Barbosa, enfatizando que foi criado também um Núcleo de Inteligência, que tem o objetivo de investigar estes líderes, disponibilizando policiais civis e militares para atuarem nas unidades prisionais em que estão custodiados.

Crime

Augusto matou João Solidade com dois tiros na face e Cleibson baleou Paulo Roberto com um tiro na cabeça. O paulista Frederik, que é bacharel em direito e, segundo ele, possui registro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), facilitou a fuga dos assassinos num Fiat Punto, branco, roubado, que ficou estacionado na região do Dois de Julho, próximo a um hotel.

Augusto já estava preso pelo assassinato de uma mulher no Shopping MaxCenter (Itaigara). Ele aparece caminhando pela Rua da Forca, nas imagens gravadas pelo circuito de segurança de um estabelecimento na região, logo após o crime na Praça da Piedade, usando o mesmo tênis apreendido em sua casa, no Engenho Velho da Federação.

Cleibson, que também aparece correndo nas imagens coletadas pela polícia, foi preso em casa, na Fazenda Grande, e Fredrik, na Liberdade. Ambos portavam pedras de crack no momento da prisão e foram autuados em flagrante por tráfico. Um quarto envolvido, identificado como Denisson Porto dos Santos, 22, está sendo procurado. Ele estava no local para prestar apoio à dupla e conferir se o serviço seria executado com sucesso.

Armas são enviadas para exame de microcomparação balística

Pelas mortes, Augusto Cleibson e Denisson receberiam R$ 2 mil, cada, e Frederik R$ 700. “As armas utilizadas no duplo homicídio foram recuperadas pela polícia e encaminhadas para exame de microcomparação balística, no Departamento de Polícia Técnica (DPT)”, como informou Jorge Figueiredo. Presos ao longo da semana, todos confessaram a participação no crime e já estavam com as prisões preventivas decretadas, por meio de mandados expedidos no Plantão Judiciário. Com a prisão dos homicidas, a polícia acredita elucidar outros crimes relacionados à quadrilha integrada por eles.