Moradora do bairro de Itapuã, em Salvador, a terapeuta Anna Marly, 63 anos, está acostumada a receber turistas em sua casa e, com isso, complementar a renda mensal e também praticar idiomas como inglês e espanhol. Com três quartos disponíveis para hospedagem, ela cobra R$ 70 a R$ 140 por diária. A pouca experiência da profissional como empresária a fez entrar para o Programa de Hospedagem Cama e Café, da Secretaria do Turismo do Estado (Setur), lançado nesta sexta-feira (26), no Centro de Convenções da Bahia.

Anna Marly e outros 111 pequenos empreendedores integram o programa, que está na fase piloto, em parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresa (Sebrae-BA), e deve beneficiar 500 pessoas em quatro anos. Para o secretário do Turismo, Domingos Leonelli, “o projeto é uma forma de democratizar a participação na renda e economia do turismo, pois mais pessoas poderão participar da atividade de hospedagem mesmo sem pertencer a uma rede hoteleira e ser proprietário de grandes hotéis”.

O secretário ressaltou ainda que a iniciativa viabilizará a hospedagem alternativa, “mais barata, confortável e profissional”, para quem não pode pagar hotéis caros. “Nosso esforço é para profissionalizar o setor, fazer com que essa hospedagem seja digna e que faça o hóspede voltar”.

Qualificação

Além de Salvador, o programa beneficia os municípios de Cachoeira, Santo Antônio de Jesus, Amargosa e Cruz das Almas, que sediam grandes eventos culturais e religiosos como o São João, Festa da Irmandade da Boa Morte e Feira Literária Internacional de Cachoeira (Flica).

Os 112 inscritos no programa receberão curso de qualificação profissional de como receber bem, de como adaptar a casa para hospedagem, além de consultorias especializadas, individualizadas para cada casa, fornecida pelo Sebrae. Haverá ainda linhas de crédito do Banco do Nordeste e classificação gratuita dos meios feita pelo Sebrae.

Segundo a consultora do Sebrae, Carolina Chagas, outra intenção do programa é fortalecer um novo segmento do turismo, que é crescente no mundo inteiro – o de viver as experiências da população nativa. O Rio de Janeiro, como explicou, já vive uma fase avançada neste modelo de hospedagem. “O bairro de Santa Tereza já é um destino consolidado e conhecido internacionalmente”.

Expectativa

Morador da cidade do Recôncavo, Andrews Amorim, 26 anos, disse que a expectativa é grande. “Além da busca de estudantes da UFRB [Universidade Federal do Recôncavo da Bahia] para acomodação em Cachoeira, a ação de hospedagem Cama e Café ajuda a aumentar a renda dos empreendedores locais”.

Nos municípios de Cachoeira, Amargosa, Cruz das Almas e Santo Antonio de Jesus, a ideia mantém a concepção do modelo usado na capital, acrescentando um item especial, que é a complementação dos meios de hospedagem, pois as regiões possuem uma quantidade insuficiente de leitos para abrigar turistas, especialmente em grandes eventos.

Conceito

De acordo com o Ministério do Turismo, o empreendimento de cama e café é um local de hospedagem, que deve ter apenas três unidades acomodações para uso turístico, em que o dono more no local e haja serviços de café da manhã e limpeza.