Quem trabalha no Pelourinho ou caminha por suas ruas já se acostumou com a presença de pintores, carpinteiros, pedreiros, engenheiros, arquitetos e técnicos. São 130 homens trabalhando diariamente na requalificação do Centro Histórico de Salvador (CHS). As obras envolvem recuperação de fachadas e telhados das casas, iluminação pública, pavimentação e restauração dos passeios, com projeto de acessibilidade.

As intervenções fazem parte do Plano de Reabilitação do Centro Antigo de Salvador, que está sendo executado pela Diretoria do Centro Antigo (Dircas) para preservar e valorizar o patrimônio cultural, impulsionar as atividades econômicas e culturais da região, além de propiciar condições para a sua sustentabilidade.

De acordo com o superintendente Operacional do Centro Antigo, Cezar Requião, há dois contratos previstos para o Centro Antigo – um de requalificação e outro de manutenção. Ele explica que desde o início das obras de recuperação dos casarões, há dois anos, foram concluídas as intervenções em 461 imóveis, o que representa 51% do total previsto para o CHS.

Além do Pelourinho, são realizadas obras no Santo Antonio Além do Carmo, onde a Igreja do Boqueirão vai ter a fachada recuperada, com pintura e limpeza. Os casarões do local também passam por intervenções. As ações de recuperação são realizadas por blocos de casas, a fim de manter as obras concentradas numa mesma região, o que facilita a execução das atividades e minimizam os transtornos para a população.

Acessibilidade

Uma das obras mais elogiadas pela população e pelos turistas é a de acessibilidade. Foi construído 1,5 de quilômetro de rotas para facilitar o acesso de cadeirantes, idosos e outras pessoas com dificuldades de locomoção. Foi a acessibilidade que incentivou a turista mineira Luciana Navarro a levar sua filha de 5 anos, que depende de cadeiras de rodas, a conhecer o Pelourinho.

“Me surpreendi quando cheguei aqui, porque minha tia, que é de Salvador, disse pra mim que iríamos conhecer o Pelourinho sem sair de casa, porque não tinha espaço apropriado para cadeira de rodas. Quando chegamos vimos que a realidade era bem diferente e satisfatória. O calçadão é acessível, largo, tem rampas. Não estou tendo nenhuma dificuldade para andar nas ruas com a minha filha. Vou voltar bem feliz para Minas”, disse Luciana.

Segundo a diretora da Dircas, Beatriz Lima, além das obras estruturantes, o Pelourinho recebeu uma nova iluminação e os monumentos iluminação cênica, valorizando os imóveis históricos. Está prevista a recuperação de mais 444 imóveis. Alguns já estão com obras em andamento, incluindo o Corpo de Bombeiros, 56 casarões localizados entre a Avenida JJ Seabra e a Ladeira da Praça.

A diretora explicou que “todas essas obras, além de recuperar os prédios, de dar mais segurança às localidades, atraem atividades culturais e, consequentemente, visitação tanto dos baianos quanto dos turistas. Estamos trabalhando a perspectiva de mais recuperação de ruas e passeios, mais manutenção de imóveis. No verão vai estar muito melhor”.

Economia

Com o Centro Histórico recuperado e as vias acessíveis, os comerciantes e taxistas já aguardam ansiosos pelo aquecimento da economia, já a partir de outubro. Walter Maia, comerciante da área de calçados, enfatizou que a obra “é uma das melhores coisas que está acontecendo no Pelourinho, porque vai aumentar o fluxo de turistas”.

Na avaliação do comerciante, “as ruas estão tão boas que as mulheres até andam de sapatos altos sem medo. Só ficou ruim pra mim, porque antes quando elas vinham com sapato alto e não aguentavam ficar muito tempo, compravam sandálias na minha loja”.