O material coletado por equipe da Universidade Federal da Bahia (Ufba), desde setembro deste ano em escavações na Serra das Paridas – sítio arqueológico no município de Lençóis, na Chapada Diamantina -, está em fase de pesquisa e análise. Foram descobertos vestígios orgânicos, a exemplo de fragmentos de ossos de pequenos animais, como roedores e aves (alguns com marcas de fogo), além de caramujos, conhecidos como gastrópodos. 

Dos vestígios inorgânicos, apareceram objetos lascados, produzidos, provavelmente, para confecção de instrumentos de uso diário, em arenito (pedra) local. Depois das pesquisas o material coletado retorna ao município. 

As atividades integram o projeto `Circuitos Arqueológicos´, da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), realizado a partir de um convênio entre o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac) e o Departamento de Antropologia da Ufba, em parceria com 12 prefeituras da Chapada Diamantina – Iraquara, Lençóis, Morro do Chapéu, Palmeiras, Wagner, Seabra, Boninal, Ibicoara, Piatã, Mucugê, Andaraí e Utinga. 

O projeto foi criado em 2010 e propõe ações de desenvolvimento econômico sustentável para municípios dessa região central da Bahia a partir de roteiros culturais e naturais. “Separamos a parte central do sítio em 13 quadras, de um metro por um metro cada uma, retirando as camadas de óxido ou tinta que reveste os materiais”, explica o coordenador técnico do projeto e professor da Ufba, Carlos Etchevarne. 

A equipe organiza e numera os objetos, higienizando, fotografando e indexando o material coletado. “Depois os descrevemos com características como, no caso das peças líticas (pedras), o tipo de lascamento, retoques, locais, bordas e fragmentos”, diz o especialista. Um vídeo sobre a escavação está à disposição de interessados no link (acesse aqui). A Serra das Paridas também detém acervo de pinturas rupestres que, em geral, representam animais quadrúpedes, vegetais, formas geométricas e humanas, feitas com pigmentos vermelhos e amarelos.

Variedade ambiental

Com território formado há 1,7 bilhão de anos, a Chapada Diamantina detém as maiores altitudes do Nordeste brasileiro e enorme variedade ambiental. Além dos bens naturais, a região tem acervo arquitetônico-urbanístico dos séculos 18, 19 e 20. “A proposta é preservar e promover os bens – materiais e imateriais – e arqueológicos existentes, articulando poderes públicos, instituições culturais e acadêmicas, e a sociedade”, afirma a coordenadora de Articulação e Difusão (Coad) do Ipac, Carolina Passos.

Até agora, o projeto sensibilizou 1,8 mil pessoas, treinou 450 multiplicadores, mapeou 67 sítios de pinturas rupestres, promoveu 43 oficinas, resultando em nove roteiros de visitação e seis exposições na região. Na primeira etapa, foram realizados ainda o Seminário Internacional de Arte Rupestre com estudiosos franceses e a renomada arqueóloga Niéde Guidon, o 5º Seminário de Arte Rupestre e a 3ª Reunião da Associação Brasileira de Arte Rupestre.

Em 2011, foi montada a exposição dos Circuitos em Salvador, no Pelourinho. Na segunda etapa estão sendo promovidas escavações nos sítios e ações de educação patrimonial. Outros dados são obtidos na Coad/IPAC via telefone (71) 3116-6945 ou e-mail coad.ipac@ipac.ba.gov.br