Dez vítimas de violações de direitos durante a ditadura militar, no período de 1964 a 1985, serão ouvidas em Audiência Pública dias 03 e 04 de dezembro pela Comissão Estadual da Verdade da Bahia. A audiência, que acontecerá no salão nobre da Reitoria da Universidade Federal da Bahia, no Canela, começará às 9 horas do dia 03 e terá os depoimentos de Theodomiro Romeiro dos Santos, que entrou para a história do Brasil como o primeiro condenado à morte durante a República, e que hoje é Juiz do Trabalho em Pernambuco. 

Também serão ouvidos Luiz Contreiras, engenheiro e ex-dirigente do Partido Comunista Brasileiro e Virgildásio de Senna, prefeito de Salvador, empossado em abril de 1963 e deposto pelo golpe militar de 1964.

Na tarde do dia 03, das 14 às 18 horas, prestarão depoimentos Olderico Barreto, preso e torturado, irmão de José Barreto que foi assassinado junto com Carlos Lamarca em Brotas de Macaúbas. Deporá também, na mesma tarde, Eliana Rolemberg, socióloga, presa, torturada e exilada na década de 70 e Wilton Valença, petroleiro aposentado, líder sindical, eleito deputado estadual em 1962 e cassado em 1966.

A Audiência Pública, no dia 04, iniciará os trabalhos às 14 horas e contará com o depoimento do jornalista, escritor e ex-deputado federal Emiliano José, que lutou contra o golpe militar e foi preso e torturado. Outra depoente será a jornalista Mariluce Moura, viúva de Gildo Macedo Lacerda, sequestrado na Bahia e morto aos 24 anos em dependências do estado brasileiro e cujo corpo até hoje está desaparecido. Também irão depor o artista plástico Juarez Paraíso, perseguido durante a vigência da ditadura militar e o petroleiro Marival Caldas, dirigente sindical em 1967, demitido e perseguido. 

Segundo o coordenador da Comissão Estadual da Verdade, Joviniano Neto, ao convidar esses depoentes, entre tantas  vítimas da ditadura militar, os membros da comissão buscaram dar a mais ampla representação da sociedade. Entre os que serão ouvidos temos políticos que tiveram mandato cassado, sindicalistas, artista plástico,  estudantes (à época) e familiar de vítima e cada um, com seu relato, ajudará a contar a verdadeira história de como a Bahia sofreu e enfrentou a ditadura militar, afirmou.