A cultura de origem africana, especialmente os assuntos relativos à religião dos orixás, é o tema do livro Ófun, de Mãe Stella de Oxossi, lançado na noite desta quarta-feira (18), na Academia de Letras da Bahia (ALB), da qual a ialorixá faz parte. A solenidade contou com a presença do governador Jaques Wagner e da primeira-dama Fátima Mendonça, além de amigos, religiosos e imprensa.

Este livro é para todo mundo que queira, para os adeptos ou não da religião dos orixás, porque tem informações para quem quer saber mais minuciosamente sobre nossa religião. O livro mostra o nosso caminho, afirmou a ialorixá, que acredita que o conhecimento é capaz de reduzir a intolerância religiosa.

Para o governador, Mãe Stella é uma pessoa da maior relevância como ser humano, sacerdotisa de matriz africana e como membro da Academia de Letras da Bahia. Parabenizo a ela, à ALB e também à Assembleia Legislativa por ter editado este livro. A obra de Mãe Stella, incluindo os artigos que ela escreve para os jornais, tem muita sabedoria, pela idade e pela sacerdote que ela é.

Coleção Odu Àdájo

O presidente da ALB, Aramis Ribeiro Costa, destacou a importância da obra. É uma referência, uma fonte bibliográfica sobre a religião africana. Há grandes obras sobre a mitologia grega, sobre outras religiões, mas quem procura livros sobre os cultos africanos não encontra muitos, são escassos. Mãe Stella tem grande conhecimento e experiência que, colocados no papel, são de uma importância fundamental.

O livro é o primeiro dos 16 volumes previstos para a Coleção Odu Àdájo, assim como Ófun é o primeiro dos 16 destinos da religião africana. A coleção tem como objetivo contribuir para que a cultura trazida pelo povo africano para o Brasil seja mais bem compreendida e, assim, possa ser mais respeitada. Para a ialorixá, o preconceito é fruto do desconhecimento e gera conflitos que interferem na vida individual e coletiva.

Trajetória

Mãe Stella, que já fez diversas viagens ao continente africano, foi iniciada no candomblé por Mãe Senhora, em setembro de 1939, quando tinha apenas quatorze anos, recebendo o orukó (nome) de Odé Kayodê, no terreiro Ilê Axé Opô Afonjá. Em 1967, Ondina Valéria Pimentel (Mãezinha) assumiu, então, o Opô Afonjá e, um ano após sua morte, em 1976, Mãe Stella foi escolhida por Xangô e pelos búzios para ser a ialorixá do terreiro de São Gonçalo do Retiro.

Primeira ialorixá a escrever livros e artigos sobre sua religião, Maria Stella de Azevedo Santos a Mãe Stella de Oxossi – , é colunista do jornal A Tarde, ganhou o prêmio jornalístico Estadão em 2001 e recebeu o título de Doutor Honoris Causa pelas universidades do Estado da Bahia (Uneb), em 2009, e Federal da Bahia (Ufba), em 2005. É detentora da comenda Maria Quitéria (Prefeitura do Salvador), Ordem do Cavaleiro (Governo da Bahia) e Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura.