Quase 35 mil itens entre documentos, cartas, convites e relatórios além de livros e jornais que pertenceram ao jornalista Aloísio de Carvalho e a seu filho, o jurista Aloísio de Carvalho Filho, serão doados ao Centro de Memória da Bahia, unidade da Fundação Pedro Calmon.

O ato que marcará a transferência do arquivo acontece nesta quinta-feira (6), às 19h, no Complexo Cultural dos Barris, e contará com a presença do secretário estadual de Cultura Albino Rubim e integrantes da família.

A documentação estará disponível para consulta pública no Centro de Memória da Bahia assim que estiver organizada. Após a inclusão no sistema de gerenciamento documental, o Pergamum, será possível consultar um breve resumo do conteúdo dos itens documentais e suas características técnicas, assim como o próprio documento digitalizado através da web.

“Os documentos de Aloísio de Carvalho e Aloísio de Carvalho Filho foram doados por André e Lícia Carvalho e são significativos para o entendimento de questões acerca da História da Bahia bem como do Brasil do período republicano. Essa documentação ficará disponível no CMB a historiadores, pesquisadores, estudiosos e interessados por nossa história, propiciando o surgimento de novas pesquisas relativas a diferentes aspectos políticos, econômicos e sociais”, avaliou Jacira Primo, diretora do Centro de Memória da Bahia.

Pai e filho

Aloísio Lopes Pereira de Carvalho foi jornalista baiano nascido em Salvador a 27 de março de 1866. Seu cunhado, Carlos de Morais, adquiriu o Jornal de Notícias e, sob a direção de Lélis Piedade no supracitado jornal, Aloísio de Carvalho inicia a sua trajetória de escriba, tendo como companheiro o escritor Xavier Marques (1861-1942) que, com o pseudônimo de Savério, assinava as colunas Coisas e Loisas e A Coisa Pública.

Com o fechamento do seu jornal, vai para o recém-fundado vespertino jornal A Tarde, em 1912, a convite de Ernesto Simões Filho, onde trabalhou como redator até o seu falecimento. Trabalhou ainda como radialista, apresentando o programa Conversa Fiada, pelo microfone da Rádio Sociedade da Bahia.

Foi deputado estadual da facção seabrista entre os anos de 1920 e 1924. Aloísio também foi membro fundador da Academia de Letras da Bahia, ocupando a cadeira número 2, que tem por patrono Gregório de Mattos, e sócio fundador da Associação Baiana de Imprensa.

Aloísio Lopes de Carvalho Filho nasceu em Salvador no dia 3 de março de 1901, filho de Aloísio Lopes Pereira de Carvalho e de Elisa Kock de Carvalho. Em 1917, então com 16 anos, Carvalho Filho entrou para a Faculdade de Direito da Bahia.

Revista

Nesse mesmo período, lançou a revista ‘A Vitória’, que tinha por objetivo informar aos leitores os últimos acontecimentos da cidade, além de entreter com entrevistas, indicações de leitura, contos, crônicas sociais, charges, poemas.

Concluído os estudos na Faculdade de Direito da Bahia, aos 20 anos, Carvalho Filho fora convidado para ser redator do Diário da Bahia, em dezembro de 1921. Em 1929 assumiu a direção da recém-fundada ‘Revista de Cultura Jurídica’.

Em 1933, candidatou-se a uma vaga para a Assembléia Nacional Constituinte, por uma coligação formada pela LASP e pelo PRD de J.J. Seabra.

Constituinte

Como constituinte, defendeu idéias liberais como o voto secreto, o sufrágio feminino, o voto universitário, o divórcio e o ensino leigo. No mês de julho deste mesmo ano, as forças oposicionistas baianas criaram a Concentração Autonomista, partido pelo qual o Carvalho Filho retornaria à Câmara Federal. Permaneceu como deputado federal até 1937, quando o golpe do Estado Novo foi instaurado.
Com a morte de Otávio Mangabeira, em 1960, Aloísio de Carvalho Filho assumiu a vaga deixada pelo seu conterrâneo no Senado Federal. Terminado o mandato em 1961, Aloísio retornou ao Senado pelo Partido Libertador (PL), em 1962.

Mais tarde, Filho ingressou na Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de sustentação ao governo militar. Faleceu no dia 28 fevereiro de 1970, aos 68 anos, em Salvador.