Máscaras, fantasias, marchinhas e fanfarras fazem do Carnaval de Maragogipe uma manifestação singular da diversidade cultural e artística existente na Bahia, já reconhecida pelo Governo do Estado como Patrimônio Imaterial. Nesta sexta-feira (28) acontece a abertura do festejo, que também rende à cidade, situada no Recôncavo baiano, às margens do Rio Paraguassú, comparação com o famoso Carnaval de Viena, na Itália.

O Carnaval de Maragogipe faz parte do Carnaval da Cultura e conta com apoio da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), por meio do programa Outros Carnavais. Além dos mascarados, que colorem ruas, ladeiras e praças da cidade, diversos artistas estão confirmados para animar a folia maragogipana e reviver os antigos carnavais. A festa segue até terça-feira (4).

É um carnaval autêntico, genuíno, nascido unicamente da vontade do povo e que tem continuidade por conta da participação intensa das crianças, explica o pesquisador maragogipano Benedito Jorge de Carvalho. Seu Bibito, como é conhecido, conta que, tão logo se começou a fazer Carnaval em Salvador, Maragogipe também deu início à sua festa de rua.

As pessoas usavam roupas velhas, se caracterizavam com máscaras, pinturas. Os grupos de mascarados surgiram dentro das famílias, inspirados no Carnaval de Veneza e até hoje essa cultura persiste. Estamos a poucos dias do Carnaval e ninguém sabe com que fantasias estes grupos tradicionais irão se apresentar. O segredo permanece até a hora de ir para rua e ver revelar toda essa beleza, exuberância, que agora tem o incentivo do poder público, com os prêmios simbólicos, enfatiza Benedito.

Preservação 

O gerente de Patrimônio Imaterial do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), órgão ligado à Secretaria de Cultura do Estado, Roberto Pelegrino, explica que, ao apoiar o Carnaval de Maragogipe, a Secult reconhece a importância dessa manifestação carnavalesca, que guarda tradições e características culturais locais. O programa auxilia na preservação da festa, mantendo as raízes do fazer cultural e também ajuda a difundi-la.

Com quase 200 anos de tradição, o festejo Maragogipano recebeu, em 2009, o título de Patrimônio Imaterial da Bahia, concedido via decreto pelo Governo da Bahia. Suas expressões artísticas conservam características ibéricas, indígenas e africanas, que afloram no glamour e nas cores dos disfarces, nas pinturas, no formato das mascaras e também na riqueza dos arranjos musicais.

O Ipac foi responsável pelos dois anos de pesquisas que resultaram no reconhecimento da festa como bem intangível da Bahia. O bem intangível só existe se determinada comunidade o considera como um ato de identidade seu, de reafirmação cultural do seu povo com a sua cultura, com desejo de realização periódica e permanente por parte daquela sociedade, esclarece Pelegrino. A programação completa do Carnaval da Cultura está disponível nos sites da Secult e Carnaval da Bahia.