A seleção brasileira de futebol é, sem dúvida, o ápice da carreira de um jogador de futebol brasileiro. Mas jogar com a ‘amarelinha’ é uma conquista de poucos atletas, quando considerado o universo de jovens que se enveredam pelos gramados de todo o país em busca da realização deste sonho, que fica ainda mais evidente em ano de Copa do Mundo da FIFA, principal torneio de futebol do planeta.

Na Bahia, além de motivar os jovens atletas a competição contribuiu para a configuração de um importante e adequado cenário para a promoção de uma pesquisa exclusiva e inédita no estado, que revelou, através de uma publicação, as principais possibilidades e ameaças enfrentadas pelos atletas no caminho da realização deste sonho.

Intitulada ‘A Infância entra em Campo – Riscos e Oportunidades para Crianças e Adolescentes no Futebol’, a obra tornou-se mais um legado para a sociedade baiana e norteará os principais atores do universo futebolístico na região – clubes de futebol, atletas, familiares dos jovens, empresários do setor, profissionais do futebol, dentre outros.

A Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 (Secopa-Bahia), é uma das realizadoras do levantamento, que foi promovido em parceria com o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Roussan (Cedeca) e o Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) e a Associação Brasileira de Juízes, Promotores de Justiça e Defensores da Infância e Juventude (ABMP).

Legados

Este é um dos projetos que compõem o Plano de Legados da Secopa-Bahia, um produto do Plano Diretor da Copa na Bahia. Para a Secretaria, a Copa do Mundo da FIFA 2014 é mais do que um evento esportivo, e está sendo aproveitada como uma motivação para a realização de importantes ações e iniciativas.

“A passagem de um megaevento esportivo pelo Brasil, com a magnitude e complexidade que representa a Copa do Mundo, nos desafia a encontrar estratégias e meios que oportunizem efetivos legados para a sociedade brasileira, com solidez e longevidade suficientes, que justifiquem os investimentos públicos e privados que estão sendo realizados no país para o sucesso deste torneio de futebol”, afirma no documento o secretário estadual da Copa Ney Campello.

O estudo configura-se como dois tipos de legados. Além de ser uma publicação com caráter informativo e reflexivo, o levantamento é considerado mais um exemplo de legado institucional, na medida em que possibilitou a concretização de um convênio entre instituições de relevância e credibilidade no Brasil e em todo o mundo.

“A parceria com o Cedeca, Unicef e ABPM assegura qualidade quanto aos objetivos desse mapeamento dos riscos e vulnerabilidades que podem alcançar o público infanto-juvenil em eventos de grande fluxo de turistas, ao mesmo tempo em que esta publicação se constitui uma importante ferramenta de aprofundamento dos mecanismos de proteção e formação integral dos nossos meninos e meninas”, completa Ney Campello.

Principal objetivo

A pesquisa teve como principal objetivo contribuir para que a caminhada pelo sonho do jovem atleta em tornar-se um jogador profissional seja percorrida de forma inequívoca, respeitando o Sistema de Garantia de Direitos, que busca assegurar o pleno desenvolvimento de garotos e garotas com idade inferior a 18 anos.

Durante dois meses, 40 atores do universo futebolístico e profissionais que atuam na garantia de direitos das crianças e adolescentes foram entrevistados. Tomando como base o Sistema da Garantia de Direitos das Crianças e Adolescentes (SGD), foram elencados os principais itens que devem ser observados em megaeventos esportivos e também na prática cotidiana do futebol.

Aspectos como liberdade de escolha, respeito às diferenças, igualdade de oportunidade no acesso ao esporte, convivência família e comunitária, acesso à educação formal, proteção contra qualquer tipo de violência, entre outros, foram contemplados pelo levantamento e considerados essenciais para o desenvolvimento do esporte de maneira adequada.

Durante toda a publicação, são citados depoimentos dos atores entrevistados. Através das declarações de jovens atletas, técnicos de futebol, empresários e dirigentes de clubes foi possível identificar a realidade vivida por todos neste processo de ascensão profissional do jogador, e pontuar as oportunidades e riscos que este contexto apresenta aos futuros craques.

Garantir o direitos

“Esperamos, por isso, que a publicação represente uma contribuição não só para ampliar e aprofundar o debate, mas, também, para ajudar a garantir o direito de cada criança e cada adolescente a práticas esportivas e ao lazer de forma segura e inclusiva”, explica no livro o representante do Unicef no Brasil, Gary Stahl.

A publicação será oficialmente lançada no dia 15 de abril, a partir das 9h, na Arena Fonte Nova. O evento contará com a participação do coordenador técnico da Seleção Brasileira, Carlos Alberto Parreira; ex-atletas; jogadores; membros das instituições realizadoras do levantamento; além de convidados de outros órgãos nacionais e internacionais que estão envolvidos com a temática.

A versão original do estudo poderá ser acessada a partir do dia 15 de abril no site da Secopa.