Em 2013 foi detectada a presença da Cochonilha Rosada na Bahia e por se tratar de uma ameaça fitossanitária às lavouras, a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), órgão vinculado à Secretaria da Agricultura (Seagri), realiza o primeiro workshop sobre o manejo integrado da praga. O objetivo é elaborar uma proposta de manejo para minimizar os danos econômicos ao agronegócio baiano.

O encontro foi iniciado na terça-feira (28) e termina no final desta quarta (28), no auditório da Superintendência Federal de Agricultura do Estado (SFA-BA), no largo dos Aflitos, em Salvador. Segundo o diretor geral da Adab, Paulo Emílio Torres, na Bahia a praga já atinge a produção de café e cacau “e a expectativa é reduzir os danos econômicos para o produtor e impedir que a Cochonilha se dissemine para outras regiões da Bahia e a outras culturas, como a soja e o algodão, além de garantir a fitossanidade dos cultivares baianos”.

De acordo com o pesquisador da Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Kazuiyuiki Nakayama, os prejuízos na produção de cacau podem estar em torno de 30% no Sistema Cabruca, sem controle químico. O superintendente de Sanidade Vegetal da SFA-BA, Cláudio Apê Freire, informou que a praga também atinge atualmente os estados de Roraima, Mato Grosso, Espírito Santos, São Paulo, Rio Grande do Sul, e no Nordeste e Alagoas.

A professora da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Ana Lúcia Peronti, passou informações sobre o projeto de pesquisa a Bioecologia da Cochonilha Rosada, baseado também nas experiências do Havaí e Austrália no combate a praga.

Segundo ela, “o controle físico e químico são ineficientes no combate à Chochonilha Rosada, pois o inseto vive em locais protegidos. O que está funcionando é o controle biológico, utilizando os insetos predadores, como as joaninhas, e os parasitoides, como as vespinhas”.

O pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Nilton Sanches, explicou sobre as perspectivas de utilização da Cryptolaemus montrouzieri no manejo da Cochonilha Rosada, um tipo de joaninha destruidora de Cochonilha, utilizada na China e na Índia de forma eficiente no controle biológico. O trânsito de mudas e sementes também foi discutido neste workshop, por ser considerado o principal meio disseminador de pragas.

Doença

A praga é uma espécie extremamente polífaga, afetando pelo menos 76 famílias botânicas e mais de 200 gêneros em todo o mundo. Algumas das famílias de cultivos mais importantes incluem cítricos, cacau, chili doce, pepino, mamão, batata-doce, figo, café, uva, legumes, ervas, hibisco (rosa graxa) e palmeiras ornamentais.

Ela suga a seiva e injeta substâncias tóxicas na planta, debilitando as culturas e comprometendo a produtividade dos vegetais. A cochonilha é facilmente disseminada pelo vento, pela chuva, por meio de pássaros, formigas e veículos.

A presença da praga em uma planta hospedeira é denunciada por um aglomerado de corpos macios do inseto, de aspecto branco pulverulento, semelhante à textura do algodão, deixando, em casos extremos, a planta toda coberta. Também favorece ao aparecimento de’fumagina’, um fungo de coloração negra e que interfere na capacidade fotossintética do hospedeiro.

Com isso, ocorre a diminuição da velocidade de crescimento dos brotos jovens, podendo inclusive levá-los à morte. Esta ‘cobertura’ também impede que muitos agrotóxicos sejam efetivos no controle da Cochonilha Rosada e, em decorrência desse quadro descrito, há uma redução drástica na produtividade da planta.