Conhecer experiências do Projeto Gente de Valor. Este foi o principal objetivo do intercâmbio realizado até esta sexta-feira (9) pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional (Sedir).

A ação resultou da parceria do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), via Programa Gestão do Conhecimento em Zonas Semiáridas do Nordeste brasileiro (Semear), implementado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e o Fida, com apoio da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid).

Durante o evento foram realizadas reuniões técnicas e visitas nas comunidades rurais beneficiadas pelo projeto Gente de Valor. Os encontros possibilitaram o conhecimento de aspectos como a seleção das comunidades beneficiadas, a focalização nos grupos sociais mais pobres, o fortalecimento de organizações da população rural, ordenamento territorial, elaboração de planos de desenvolvimento, além de projetos e procedimentos técnicos e gerenciais prestados às associações comunitárias e cooperativas.

O intercâmbio viabilizou compartilhamento de experiências e inovações, no âmbito das ações executadas, gerando informações para os novos projetos financiados pelo Fida, como o Paulo Freire, do Ceará, o Projeto para o Cariri, Seridó e Curimataú (Procase), da Paraíba, Mais Viver Semiárido, do Piauí, e Dom Távora, de Sergipe.

Experiências bem-sucedidas

Segundo o coordenador geral do Projeto Dom Távora, Eduardo Barreto, o projeto sergipano também tem como meta o desenvolvimento do meio rural no estado. “Conhecer experiências de comunidades beneficiadas é importante para perceber a importância de ações como capacitação, participação das mulheres e práticas de associativismo e cooperativismo. Nós viemos aqui para aprender e conseguimos isso. Enxergamos que é possível às associações, que passaram por capacitação, tocar os projetos”.

De acordo com o oficial de programas do Escritório do Fida no Brasil, Hardi Vieira, o evento possibilitou o intercâmbio de projetos do Fida no país para que os técnicos dos novos projetos conheçam experiências bem-sucedidas e que já são referência, desde 1998, com o Pró-Gavião, projeto que antecedeu o Gente de Valor.

As visitas a comunidades, a exemplo dos índios Kiriris, na Aldeia Marcação, em Banzaê, foi um dos pontos fortes da iniciativa. Na comunidade, o grupo conheceu a trajetória dos convênios firmados entre o Gente de Valor e a Associação Comunitária Kiriri. Entre as ações foram apresentadas a Unidade de Beneficiamento de Mandioca e a Fábrica de Biscoitos, que estão em pleno funcionamento, além dos quintais produtivos, equipamento motoforrageiro, biodigestor, capacitações e assessoramento técnico, além da entrega dos kits veterinário, de apicultura, de feira e audiovisual.

Para a associada Dilma de Jesus Santos, que produz biscoitos e outros derivados da mandioca, nesses dois anos, após a implantação dos projetos, aconteceram muitas mudanças. “Nossa vida mudou bastante. Eu não tinha emprego fixo nem renda própria. Antes ajudava meus pais e depois o marido, na roça e nos trabalhos em casa. Agora trabalho na fábrica e recebo o pagamento, e a tendência é melhorar”. Segundo o produtor rural Dionísio Jesus Batista, a Unidade de Beneficiamento de Mandioca já está beneficiando os índios e os não índios. “Esta obra trouxe desenvolvimento e melhorias para toda a comunidade”.

Outro projeto conhecido foi o Assentamento Barrocão em Ribeira do Amparo. No assentamento, também denominado Comunidade de Deus, os visitantes foram acolhidos com música e dinâmica de grupo. Eles puderam compartilhar experiências em convênios firmados e executados como o da construção de uma Unidade de Beneficiamento de Mel, fortalecimento das cadeias produtivas do mel, caju, mandioca e da criação de pequenos animais, entre outras ações.

Processos de aprendizagem

Ainda em Ribeira do Amparo, o grupo conheceu a história e as ações desenvolvidas pelo Grupo de Artesanato do Unidos do Brar, integrante da Associação Comunitária Cultural do Bariri, Rio Seco, Alto e Rio Quente de Cima (Acbrar). Os associados, que também foram beneficiados com diversos convênios, começaram as atividades, com o projeto Gente de Valor, a partir da construção de um plano de desenvolvimento, onde toda a comunidade foi ouvida. A partir desse plano, eles manifestaram interesse em projetos como os quintais produtivos, hortas, cisternas de produção, canteiros econômicos e manejo de pequenas criações, entre outras ações.

Segundo o coordenador do Gente de Valor, Cesar Maynart, a proposta é que o compartilhamento de conhecimentos, gerados por meio das práticas desses projetos, possam contribuir para novos processos de aprendizagem e para o fortalecimento das capacidades institucionais, melhorando iniciativas e gestão de outros projetos semelhantes no nordeste do Brasil.

O intercâmbio possibilitou ainda visitas à Central de Cooperativas de Mel, em Ribeira do Pombal, e a ações voltadas ao fortalecimento da cadeia produtiva da Caprinocultura, Barreiro para dessendentação animal, cisternas de produção e fogões ecoeficientes, entre outros projetos, no subterritório de Caroá, localizado no município de Macururé.

Ações em 34 municípios

O Gente de Valor desenvolve ações em 34 municípios da região semiárida do estado, desde 2007, nas áreas de segurança hídrica, desenvolvimento produtivo, assistência técnica e capacitação. Entre os objetivos do projeto estão a promoção do processo de desenvolvimento do capital humano e social, cultural, produtivo e econômico, ambientalmente sustentável e a melhoria das condições de vida da população rural pobre do semiárido.

O projeto apoia ainda as cadeias produtivas do umbu, caju, Ouricuri, pequenas criações, apicultura e horticultura, beneficiando 9.416 famílias de agricultores familiares de 282 comunidades rurais.