Para combater o preconceito racial durante a Copa do Mundo Fifa 2014, o Governo da Bahia, por meio das secretarias estaduais de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) e para Assuntos da Copa do Mundo (Secopa), lançou a cartilha ‘Copa sem Racismo’. O evento foi realizado nesta quinta-feira (26), no Centro Aberto de Mídia (CAM-BA), com a participação dos secretários Raimundo Nascimento e Ney Campello, respectivamente, e do professor e representante do Movimento Negro, Hélio Santos, que realizou palestra sobre o combate ao racismo.

O material educativo tem a finalidade de fomentar debates e orientar a população no enfrentamento ao racismo e está sendo distribuído em locais de grande circulação de torcedores, turistas e jornalistas que estão no estado acompanhando a Copa do Mundo.

"A distribuição da cartilha é feita dentro e fora do estádio e não apenas em dias de jogos em Salvador. Com esse material, queremos mostrar que Copa e racismo não combinam. A conscientização sobre este tema é dos legados que ficam para depois do Mundial de Futebol", ressaltou o secretário Ney Campello.

O conteúdo da cartilha apresenta uma contextualização histórica sobre o racismo no futebol, definições sobre o tema e informações jurídicas, como trechos de leis que contemplam o assunto. Também é possível encontrar uma lista com os contatos de órgãos que prestam assistência e acolhimento às vítimas ou podem ser utilizados em casos de denúncia.

O professor Hélio Santos explicou que historicamente o racismo esteve presente nos campos de futebol e durante muitos anos o Brasil tentou imitar os europeus durante os jogos. "Havia poucos negros jogando na seleção e quase não tínhamos goleiros negros. Lembro apenas de dois – um da década de 50 e outro da década de 90, que foi Dida”.

Segundo ele, com a habilidade de Pele, Mané Garrincha e outros a seleção brasileira passou a considerar o talento ao invés da raça. “Hoje, temos a maioria dos jogadores afrodescendentes, mas, mesmo assim, nos deparamos com a discriminação nos campos. Alguns torcedores tratam os jogadores com preconceito e queremos acabar com essa situação. Por isso, a conscientização e outras ações de combate ao racismo no futebol e fora dele são importantes para o enfrentamento".

Outras ações 

Além da cartilha, outras ações são desenvolvidas pelo governo estadual com o propósito de fortalecer a bandeira da ‘Copa sem Racismo’, como, por exemplo, o Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela.

De acordo com o secretário Raimundo Nascimento, o objetivo do centro é receber denúncias sobre preconceito racial e encaminhar cada caso para ser acompanhado pela Rede de Combate ao Racismo, que agrega diversas entidades da esfera pública como os poderes executivo, legislativo e judiciário e entidades da sociedade civil.

A instituição funciona em sua sede no Edifício Brasilgás, na Avenida 7 de Setembro, no centro de Salvador, de segunda a sexta-feira, das 9 às 12h e das 14 às 17h. Durante toda Copa está sendo realizado ainda um trabalho de conscientização, com material informativo e outdoors. As denúncias também podem ser feitas pelos telefones 0800 284 0011 e (71) 3117-7438.