Uma manhã repleta de manifestações artísticas, culturais e religiosas. Desta forma, foi realizada a primeira parte do cortejo ao 2 de Julho, que partiu da Lapinha até o Pelourinho. Durante todo o percurso, famílias inteiras acenavam das janelas que se tornaram camarotes com vista privilegiada para o desfile. Muitas fachadas, inclusive, foram decoradas com as cores da Bahia e do Brasil com o intuito de celebrar os 191 anos de independência baiana e brasileira de Portugal.

Para a arquiteta carioca Marina Rodrigues, que há mais de 30 anos vive em Salvador, os festejos da Independência da Bahia são uma forma de aprender a história de forma interativa. “Esta festa é muito importante. O pessoal do Sul não conhece muito esta história. Eu só vim conhecer aqui. É muito gratificante participar desta festa”, afirmou.

Vestida com as cores da bandeira nacional, a funcionária pública, Gildete Brasil, prestigia o cortejo todos os anos. Ela faz questão de chegar cedo e seguir o percurso até o Pelourinho. “É maravilhoso homenagear a Bahia e o Brasil, este país que a gente tanto ama”.

Homenagens

Todos os ícones da história – desde o início da batalha, em Cachoeira, até a expulsão das tropas portuguesas, em Salvador – foram lembrados durante o cortejo. Um museu vivo com os personagens foi uma das alas mais fotografadas. O coordenador da iniciativa, o museólogo Anderson Moreira, explica que “a intenção é realizar espetáculos épicos para manter viva a história nacional. Hoje, 2 de Julho, aqui na Bahia, onde o povo lutou pela independência, trazemos Maria Felipa, Joana Angélica, Maria Quitéria, o General Labatut e o Dom Pedro I, que foi quem deu início ao processo de separação do Brasil de Portugal”.

Maria Felipa, outra importante personagem da história vitoriosa, teve uma ala inteira em sua homenagem. Quarenta mulheres atravessaram a Baía de Todos-os-Santos e desembarcaram cedo em Salvador especialmente para participar das comemorações. Com muita animação, elas dançavam e entoavam o nome da líder negra. “Somos da Gameleira, na Ilha de Itaparica, onde Maria Felipa nasceu”, disse a dona de casa Claudete Santos.

Dezenas de filarmônicas tocaram clássicos da música brasileira e fizeram as milhares de pessoas cantarem e dançarem juntas. Além da diversão, teve quem optou por participar do festejo para fazer renda extra. É o caso do casal Manoel Raimundo e Maria do Socorro, moradores de Narandiba. Todos os anos eles vendem cata-ventos e bandeirinhas do Brasil. “Estou trabalhando durante a semana, mas hoje é feriado e viemos ganhar esse dinheiro extra. Trago cem (cata-ventos] e não sobra nada. Tradição é isso aí”, garante.

Programação

Assim que o cortejo chegou ao Pelourinho, foi recebido por estrangeiros, entre eles, suíços que vieram assistir a Copa do Mundo no Brasil. Este ano, uma ampla programação está à disposição de baianos e visitantes no Centro Histórico. No Pelô, por exemplo, grupos percussivos, de samba e afoxés são os responsáveis pela trilha sonora nos largos e praças. A grade completa de shows pode ser acessada no site da Secult Bahia.