O Solar Ferrão, no Pelourinho, recebe a partir das 16h do dia 10 de julho acervos do Museu Imaginário do Nordeste. Quem for ao espaço terá acesso às mostras do Departamento da Marchetaria de Ficções Instáveis e do Departamento do Pós-Racialismo (corpo, dispositivo e subjetivação), que compõem a 3ª Bienal de Arte da Bahia, realização da Secretaria de Cultura da Bahia (Secult-BA), que ficarão em cartaz até o dia 7 de setembro.

As mostras ocuparão dois pavimentos do Solar. Na Galeria 1, o público encontrará fotografias, livros de artistas e instalações do Departamento da Marchetaria de Ficções Instáveis, Seção: Formas de Orientalismo. Enquanto que na Galeria 2, poderão ser vistos vídeos e fotografias do Departamento do Pós-Racialismo (corpo, dispositivo e subjetivação). Seção: Áfricas. “Hoje em dia, quando discutimos muito as questões de relação de poder que extrapolam a ideia de raça, geopolítica e território, a aproximação destes dois departamentos não é à toa”, afirma Ayrson Heráclito, curador chefe da Bienal.

“Sem ressentimentos e longe de tentar delinear outras verdades absolutas, o Departamento da Marchetaria de Ficções Instáveis propõe uma série de investigações poéticas que tentam alvitrar novas perspectivas sobre o Nordeste – entendido agora como irrestrito, complexo e ininteligível”, explica o curador.

Mostras

Na Galeria 1, os artistas Vieira Andrade e Gustavo Carvalho (SP) mostram Inventário de incrustações imagéticas. Tomo I: Atlânticos. Capítulo II: Ajuntó, junção de objeto, fotografia e texto concebidos durante residência no Instituto Sacatar. A instalação Encarnado, de Milena Travassos (CE/RJ), também é fruto de temporada da artista na instituição, localizada na Ilha de Itaparica.

Ainda na primeira galeria, Beatriz Franco (SP) exibe Mas Poderia Ser Qualquer Lugar, obra com fotografia e texto; Evandro Sybine (BA) expõe a xilogravura O Grande Duelo. Além disso, Fernando Pontes (AL) apresenta Seis de Dezembro, conjunto de fotos feitas com celular; Alex Oliveira (BA) exibe fotos da sua série Ritos de Passagem; Nino Cais (SP) trabalha a técnica de colagem em Cidade das Pedras e Paulo Nazareth (MG) utiliza papel, caneta e lápis na proposta artística de Cadernos da África.

Pós-racialismo

Na Galeria 2, o conjunto de obras apresenta o corpo negro enquanto dispositivo que exercita dinâmicas que vão além da ideia da raça, em meio a diversos processos de subjetivação. “A ideia de subjetivação é de invenção, inventar quem se é.”, explica Heráclito, destacando que o conceito de raça foi concebido recentemente, na era moderna.

No espaço, o público confere ainda fotografias do mineiro Aristides Alves (série Outros) e dos baianos Bauer Sá (Olhos de Xangô; Ama; White Shoe; Lelicana) e Adenor Gondim (Cãos de Jacobina). A também baiana Eneida Sanches e o americano Tracy Collins montam a instalação Eu Não Sou Daqui, com um manequim que recebe projeção de imagens.

Na Galeria 2 também são exibidos continuamente dois vídeos: Gato/Capoeira, de Mario Cravo Neto, de 1979, e Taa Bolo, do africano de Mali Bakary Diallo. A sala ainda mostra a escultura Ewe, Benin/Togo, representação de colonizadores feita por um anônimo colonizado.