O Teatro Popular de Ilhéus (TPI), no sul da Bahia, venceu o edital TCA.Núcleo ‘Em Construção’ para ocupação do Complexo Teatro Castro Alves (TCA) entre os meses de agosto e dezembro. Como parte das atividades, haverá intercâmbio com o grupo Clowns de Shakespeare, do Rio Grande do Norte, apresentações de espetáculos, seminários, oficinas e a montagem da nova peça do TPI, baseada na obra de Shakespeare – ‘Medida por Medida’ -, que fechará a trilogia composta por ‘Teodorico Majestade’ e ‘O Inspetor Geral’.

O grupo ilheense foi o primeiro colocado na seleção organizada pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) com o projeto ‘Shakespeare – Teatro Popular de Ilhéus em Construção’. Como primeiro suplente, foi classificada a Outra Companhia de Teatro, com o projeto ‘A Outra Construção (memórias, sonhos e declarações)’. O resultado está publicado no Diário Oficial, do dia 15 de julho.

No ano passado, outro grupo do interior da Bahia, o Núcleo Afro-Brasileiro de Teatro de Alagoinhas (Nata), dirigido por Fernanda Júlia, também venceu o Edital TCA.Núcleo, com o projeto ‘Exu Sile Onlá’, o que resultou num intercâmbio com a Cia do Miolo, de São Paulo, iniciando uma estratégia de ocupações e intervenções artísticas realizadas no Teatro Castro Alves, em paralelo à primeira fase das obras de requalificação que integram o projeto Novo TCA.

Shakespeare

Segundo o diretor artístico do TPI, Romualdo Lisboa, o intercâmbio entre o Teatro Popular de Ilhéus e o Clowns de Shakespeare será estabelecido por quatro pilares fundamentais – pesquisa, formação, produção e difusão. A proposta prevê temporadas dos espetáculos ‘Teodorico Majestade’ e O ‘Inspetor Geral’, além de ‘Muito barulho por quase nada’ e ‘O Capitão e a Sereia’, do grupo potiguar.

Sobre a adaptação da obra ‘Medida por Medida’, Romualdo Lisboa explica que a escolha de Shakespeare surge a partir da ligação observada entre o Teatro Popular de Ilhéus e o bardo inglês, que completou 450 anos em 2014, enquanto o grupo ilheense segue para 19 anos, em agosto. “Ele foi responsável por atingir os mais diversos públicos de sua época. O TPI busca um caminho análogo, que fala direto para seu público, independe de classe social, formação educacional ou qualquer outro elemento distintivo na sociedade”.

O diretor do Clowns de Shakespeare, Fernando Yamamoto, disse estar muito feliz com a seleção do projeto do TPI e que, mesmo com a proximidade e admiração ao grupo ilheense há muitos anos, atuando politicamente juntos, nunca tiveram a oportunidade de intercâmbio artístico. “O projeto é muito instigante, pois propõe uma troca em cima da obra de Shakespeare, que é uma das principais linhas de pesquisa dos Clowns (grupo fundado em Natal, RN). Temos uma relação íntima com o teatro baiano, em especial de Salvador, e a certeza de que este projeto ampliará essa parceria. É uma honra estar junto com o TPI nesta jornada”.