Pela primeira vez em Salvador, uma comitiva de líderes religiosos da cidade de Oyo, na Nigéria, participou, na manhã desta terça-feira (29), de celebração no Terreiro da Casa Branca, localizado na Avenida Vasco da Gama. A chamada ‘troca cerimonial’ ocorreu com a apresentação de músicos e dançarinos e a troca de presentes e bênçãos entre os dois países. A visita faz parte da programação do I Seminário Internacional para Preservação do Patrimônio Cultural Compartilhado entre o Brasil e a Nigéria, que começou na segunda (28) e prossegue até esta quinta-feira (31).

A programação inclui ainda a visita a outros quatro terreiros da capital baiana – lê Àse Opo Àfonjá (Ilê Axé Opô Afonjá), Ilê Iyá Omi Àse Iyamassé (Terreiro do Gantois), Ilê Maroialaji (Terreiro Alaketu) e Ilê Osùmàré Arákà Àse Ogodó (Casa de Oxumarê), que deram origem ao candomblé nagô na Bahia e são tombados como patrimônio nacional do Brasil.

O objetivo da visita e dos debates promovidos no seminário é de sensibilizar as autoridades nigerianas sobre a necessidade de políticas públicas, já adotadas pelos governos federal e estadual, na preservação do patrimônio material e imaterial das religiões de matrizes africanas. No estado, já são 18 terreiros de candomblé protegidos pelo tombamento estadual e nacional, na capital, nas cidades de Camaçari, Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, Maragogipe e Cachoeira, no Recôncavo.

Como exemplo de medidas que podem ser aplicadas ao território africano de Oyo, o Governo do Estado tem desenvolvido ações para garantir a preservação e manifestação da cultura africana na Bahia, como a criação de da Rede de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, além do Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela, realizadas por meio da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi).

Casa Branca

Conhecido como ‘a Casa Branca’, o terreiro localizado na Avenida Vasco da Gama, é considerado um dos templos brasileiros mais antigos de candomblé. Um dos primeiros a se organizar como instituição religiosa de matriz africana no país, o espaço preserva a tradição ioruba, trazida pelos escravos de diversas partes da África, como da região da cidade de Oyo. O espaço foi o primeiro a ser tombado como patrimônio histórico do Brasil, além reconhecido como patrimônio cultural de Salvador e Área de Proteção Cultural e Paisagística da cidade.

Seminário Internacional 

O evento é parte das ações de intercâmbio entre os dois países, tem o apoio da do Ministério da Cultura, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e Governo da Bahia e foi organizado via articulação dos cinco terreiros de tradição nagô, que serão visitados pela comitiva nigeriana. A programação completa está disponível no blog do evento.

Reforma de terreiros em Salvador e Recôncavo