A criação de uma comissão de diagnóstico da Cultura do Estado e a próxima sessão extraordinária que debaterá a situação dos artesãos da Ladeira da Conceição – convidados pela Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom) para se retirarem dos imóveis em que vivem e trabalham há mais de 30 anos –, foram as principais deliberações da Sessão Plenária do Conselho Estadual de Cultura da Bahia (CEC-BA). O evento, ocorrido na última terça-feira (12), conduzido pelo presidente do CEC, Araken Vaz Galvão, contou com a presença da presidente do Plano Municipal do Livro, da Leitura e da Biblioteca da Cidade de Salvador (PMLLB), Lourdes de Fátima Santos.

Ao compartilhar as experiências do Plano com os conselheiros, Lourdes enfatizou que o documento tem como proposta assegurar e fomentar a democratização do acesso ao livro, valorizar e fortalecer as cadeias produtivas, criativas e mediadoras da leitura, entre outras funções. “É impossível olhar para cidade de Salvador sem olhar a produção literária e de cultura”, destacou. Em vigor desde 2013, o Plano terá dez anos de duração.

Na ocasião, conselheiros levantaram sugestões para o PMLLB. Jaime Sodré sugeriu a valorização da literatura de cordel, a criação de bibliotecas em hospitais e presídios e a estimulação da produção literária infantil. “Seria interessante se a prefeitura pudesse patrocinar e abrir uma linha de crédito para as crianças que escrevem”.

Já o conselheiro Aurélio Schommer pediu o reforço da produção cultural da Bahia. “Gostaria que você levasse à Secretaria de Educação o pedido de resgate nas escolas dos autores das histórias locais”, assinalou.

Encaminhamentos

Ao tratar sobre o contexto da cultura da Bahia, os conselheiros viram a necessidade da criação de uma comissão responsável para elaborar um diagnóstico da Cultura do Estado, através de um levantamento de suas demandas culturais. A proposta, apresentada pela conselheira de cultura Lia Robatto, é entregar o documento ao futuro governador do Estado.

Já a sessão extraordinária, agendada para o dia 26 de agosto, debaterá a situação dos artesãos da Ladeira da Conceição. No dia 18 de julho, moradores e profissionais que trabalham nos imóveis dos arcos da ladeira foram notificados pela Sucom para se retirarem dos imóveis por conta de obras do projeto Parque Cidade-Histórica.

Os responsáveis pela obra serão convidados a apresentar o projeto para o público da plenária. Órgãos ligados à cultura, moradores e agentes culturais também são esperados. O evento será aberto ao público e os nomes dos representantes da mesa de debate serão divulgados em breve.
Para o conselheiro Ordep Serra, é preciso que o projeto de reestruturação seja conhecido pela sociedade. “O CEC reclama a apresentação do projeto para que ele seja discutido. É preciso que depois da reforma mantenham os marmoristas, os artesãos e os moradores. Se isso não acontecer, será um atentado contra o patrimônio da Bahia”.

Moções

Os membros do CEC também aprovaram três moções. A primeira delas diz respeito aos 110 anos de nascimento da primeira arquiteta da Bahia, Lycia Conceição Alves (1904 – 2014). A segunda se refere à passagem dos 40 anos de falecimento do líder religioso e empresário Miguel Archanjo de Sant’Anna (1898 -1974). Por fim, foi aprovada a moção pelos 10 anos da Campanha Comunitária de Educação Patrimonial “Órgão Vivo: não deixe o órgão morrer!”.

Também estiveram presentes na plenária os conselheiros de cultura Makota Valdina, Carlinhos Cor das Águas, Almandrade, Pasqualino Magnavita, Normelita Oliveira, Ordep Serra, Fábio Paes, Alva Célia, Jaime Sodré, Aderbal Duarte.