Com o objetivo de apoiar a difusão da produção de artes visuais da Bahia, além de dinamizar e qualificar a ocupação de espaços culturais públicos, o edital Portas Abertas para as Artes Visuais, da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), entidade vinculada à Secretaria de Cultura do Estado (Secult), está promovendo cinco exposições, simultaneamente, em Salvador.

Elas estão dentre as 14 selecionadas da edição 2013 do concurso, que contabilizou 74 propostas inscritas. São trabalhos de temática livre, que representam diferentes modalidades das artes visuais, todos com visitação gratuita.

O Espaço Xisto Bahia (Rua General Labatut, Barris) acolhe, até o dia 4 de outubro, a exposição ‘Transgressões Corporais’, da artista visual Jô Felix. Composta por representações do corpo humano de cunho erótico, impressas em mídias diversas, e imagens corpóreas de sinalizações de trânsito e comunicação visual, a mostra é parte integrante da pesquisa realizada pela artista no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Trata da criação de uma poética visual que tem como ponto de partida a análise e apropriação de signos e símbolos vistos no espaço urbano da capital baiana. Jô Felix estabelece uma poética em que o corpo é visto como tema e questão, atribuindo um conceito de sedução em seu sentido paradoxal, com a produção de imagens de caráter erótico ressignificadas, transgressoras e irônicas, que reproduzem posições sexuais baseadas nas poses do Kama Sutra.

Já Clara Domingas, depois de passar vários anos longe do local onde nasceu e cresceu, o bairro Itapuã, realiza a ocupação artística ‘Nativa Relativa na Região’, até 15 de novembro. O trabalho foi iniciado em 2011 e busca uma convivência criativa e propositiva com a comunidade, tendo como ponto de partida o desejo de processar criativamente o retorno à ‘casa’, envolvendo de diferentes maneiras os ‘outros’.

Estão espalhados 10 retratos em tamanho real em muros do espaço urbano e uma exposição está montada na Casa da Música, localizada na Lagoa do Abaeté. Os retratos são de indivíduos ou grupos de pessoas com os quais a artista se encontrou em seus trajetos pelo bairro. A exposição apresenta registros fotográficos, exibição de vídeo do processo de desenvolvimento, blocos de narrativas e uma pintura mural.

Espaços parceiros

Além dos espaços culturais da Secult na capital – Casa da Música, Centro Cultural Plataforma, Cine-Teatro Solar Boa Vista, Espaço Cultural Alagados e Espaço Xisto Bahia -, as exposições estão também em espaços privados que assinam como parceiros da realização.

O artista plástico Devarnier Hembadoom Apoema assina a exposição ‘Alucydriver’, na galeria do Theatro XVIII (Rua Frei Vicente, nº 18, Pelourinho), com curadoria de Nilma Magre, com visitação até 18 de outubro. A mostra é intitulada pelo trocadilho feito entre as palavras ‘alucinação’ e ‘direção’, numa exposição de artes integradas.

São cerca de 20 obras e um CD homônimo de músicas autorais do próprio artista, além de pinturas, desenhos, fotografias, instalações, objetos e vídeos, que implicam na observação da natureza humana e suas respostas aos estímulos pertinentes à vida urbana contemporânea, no seu dia a dia nas grandes metrópoles.

A Galeria do Goethe-Institut – Icba (Av. Sete de Setembro, 1809, Corredor da Vitória) abriga duas exposições: ‘Nós’, da artista visual Ana Fraga, e ‘Pendular’, de Rogeria Maciel. Parte integrante da pesquisa realizada pelas artistas no mestrado de Artes Visuais em Processos Criativos da Universidade Federal da Bahia (Ufba), as mostras se unem em visitação que seguirá até 30 de outubro.

‘Nós’, de Ana Fraga, surgiu da denominação regionalista ‘nós pelas costas’. De acordo com a nomeação, alguém ‘cheio de nós pelas costas’ tende a ser uma pessoa cheia de manias, sistemático, metódico e que assume uma postura pouco acessível. Redefinindo esse conceito a partir da própria estranheza, do assombro daquilo que é desconstrução e vazio, a obra é integrada pelo ato compulsivo e diário de laçar a linha, formando um nó.

Experiências performáticas

O trabalho objetiva resumir uma investigação realizada pela artista, baseada nas experiências performáticas desenvolvidas em seu ateliê. Para isto, são utilizados mais de 200 mil metros de linha barbante na cor branca e cinco milhões de nós, que há um ano estão sendo construídos manualmente por ela e a comunidade, com os quais Ana vai preencher um espaço 12m². Durante a exposição, a artista estará sentada em uma cadeira, fazendo nós até que o último carretel de linha se acabe.

Já a exposição ‘Pendular’, de Rogeria Maciel, tem curadoria de Eriel Araújo e se dá a partir de cinco obras: ‘Ciclo’, feita por meio de apropriação de bulbos naturais de lírio, com aplicações de folhas de ouro e chumbo; ‘Calibre 38’, flores confeccionadas pelas internas de uma instituição carcerária, em retalhos de chumbo; ‘Agudos’, inspirada em pavios de candeeiros encontrados nas feiras livres de algumas cidades do interior do Brasil; ‘Lâminas’, uma série de gravuras sobre chumbo, que arrisca pensar os nossos próprios limites; e ‘Recônditos’, formas orgânicas feitas em fitas de chumbo, trançadas como em cestarias e que acomodam em seus interiores folhas e flores desidratadas.

As obras pretendem resgatar a arte como experiência do sensível e buscam a delicadeza da transformação, as vivências cotidianas das sociedades e da natureza através de um olhar afetivo. Para mais informações sobre o Portas Abertas para as Artes Visuais acesse o site da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb).