Um empréstimo de R$ 7 mil, contraído pela ex-mulher do comerciante Jailton Carvalho Santos, de 39 anos, valor que em quatro meses subiu para R$ 122 mil, foi a motivação para que ele assassinasse, com dois tiros, o cigano e agiota Jair Ferraz de Almeida, 42, em 14 de agosto, num trecho da rodovia BR-324, em Simões Filho.

Com um mandado de prisão em aberto, o comerciante foi preso, na terça-feira (9), depois de se apresentar no Departamento de Polícia Metropolitana (Depom), na Piedade, onde confessou o crime, na presença de um advogado.

Jailton, proprietário de uma loja de esquadrias de alumínio e vidros temperados, localizada na Avenida Bonocô, foi apresentado à imprensa, na tarde desta quarta-feira (10), no edifício-sede da Polícia Civil, pela diretora do Depom, delegada Fernanda Porfírio, e pelos delegados Giovanne Iran Barreto Nascimento (Depom) e Ana Lúcia Gonçalves, titular da 22ª Delegacia Territorial (DT/Simões Filho).

Outros assassinatos

A polícia investiga a participação do grupo cigano ao qual Jair pertencia, nos assassinatos da ex-companheira de Jailton, a professora primária Nilda Maria Fiuza, 52, que contraiu a dívida, de David Santos, 19, filho do comerciante com outra mulher, e de seu sobrinho Uanderfon Alves dos Santos, 23, ocorridos poucas horas após a morte do agiota. Os familiares de Jailton foram sequestrados, torturados e tiveram os corpos carbonizados.

Segundo a titular da 22ª DT/Simões Filho, os corpos de Nilda e David foram encontrados, em 15 de agosto, num terreno baldio, na localidade de Lamarão do Passé, no município de São Sebastião do Passé.

No mesmo dia, o corpo de Uanderfon foi achado num local ermo, em Dias D’Ávila. Dois ciganos conhecidos como Bira e Gilmar são apontados por uma testemunha, como participantes desses três crimes.

Empréstimo

No depoimento prestado no Depom, Jailton informou que ele e Nilda passaram a ser pressionados pelo cigano para saldar a dívida, que em poucos meses tornou-se impagável. O casal já havia pago R$ 43 mil, mas o agiota exigia mais R$ 79 mil. Jair chegou a exigir a casa da professora, avaliada em R$ 400 mil, como pagamento do empréstimo.

Para se livrar da pressão do agiota, o comerciante planejou matá-lo. Garantindo que iria liquidar a dívida, Jailton atraiu o cigano até sua loja na Avenida Bonocô. Jair chegou ao estabelecimento em companhia de sua mulher, de prenome Clarisse, e dali seguiram com o comerciante para o município de Simões Filho.

Ao chegar num local pouco movimentado, Jailton sacou um revólver calibre 38 e efetuou dois disparos contra o cigano. Depois, obrigou Clarisse a sair do veículo e fugiu. O carro foi encontrado queimado, duas semanas depois, na cidade de Coração de Maria. A polícia apurou que dois cheques no valor de R$ 28 mil, que estavam em poder do cigano, foram depositados na conta de Jailton. O criminoso será encaminhado ao sistema prisional.