Dez defensores de direitos humanos sob proteção especial do governo brasileiro contam suas histórias no livro ‘Dez faces da luta pelos direitos humanos no Brasil’, que será lançado no próximo dia 31, às 8h30, na Reitoria da Universidade Federal da Bahia (Ufba). O lançamento ocorrerá em audiência pública promovida pela Delegação da União Europeia no Brasil, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH).

Um dos dez depoimentos da publicação é o do tupinambá Rosivaldo Ferreira Dias (Cacique Babau), que conta a história da sua aldeia de Serra do Padeiro, no município de Buerarema, na Bahia. Ele já coordenou 21 retomadas de terras que foram reconhecidas como pertencentes ao seu povo, sofreu perseguições políticas, processos de criminalização e foi preso em 2010. Por isso foi inserido no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos.

Evento de lançamento

O livro é uma publicação da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil e resultado da parceria entre o Sistema das Nações Unidas no Brasil, a Embaixada do Reino dos Países Baixos, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH) e a Delegação da União Europeia no Brasil.

O lançamento ocorrerá durante a audiência pública sobre povos e comunidades tradicionais. Estarão presentes autoridades brasileiras, representantes dos países membros da União Europeia, indígenas, quilombolas e comunidades afins, que debaterão os temas ‘Identidade, território e cultura’, ‘Educação, saberes tradicionais e liberdade’ e ‘Trabalho, sociobiodiversidade e sustentabilidade’.

Crime organizado

Além do depoimento do Cacique Babau, o livro traz o relato de Alexandre Anderson de Souza, fundador e presidente da Associação dos Homens do Mar do Rio de Janeiro (Ahomar), que trava uma batalha em favor da Baía de Guanabara. O guarani-kaiowá Eliseu Lopes, que se engajou na luta pela recuperação da terra que pertencia a seus antepassados, também apresenta seu depoimento.

Outro relato é de Evane Lopes, que protagonizou uma série de ações em prol da comunidade quilombola de São Domingos e de outras quatro comunidades da região de Paracatu (MG), noroeste de Minas Gerais.

O juiz Gleydson Gleber Bento Alves de Lima Pinheiro, da 3ª Vara Criminal de Caruaru, cidade de 350 mil habitantes do Agreste pernambucano também apresenta seu depoimento. Ele foi o principal juiz da primeira grande operação contra o crime organizado de extermínio no país, em 2007.

Sem-terra e adolescentes

No livro consta ainda o relato de João Luís Joventino do Nascimento (João do Cumbe), que  desde 1996,  vem desenvolvendo a luta para preservação dos manguezais e da comunidade do Cumbe, a 12  quilômetros de Aracati, litoral leste do Ceará.

Júlio César Ferraz de Souza, que vem atuando para a garantia do direito à moradia em Manaus há quase 20 anos, também faz seu relato. Outro depoimento é da gaúcha Leonora Brunetto, integrante da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, que atua há três décadas em defesa dos trabalhadores rurais sem-terra.

Outros depoimentos são de Maria Joel Dias (Joelma), coordenadora regional da Federação dos Trabalhadores em Agricultura do Pará, que atua a favor dos trabalhadores rurais desde 2002, e o padre Saverio Paolillo, mais conhecido como Padre Xavier, que defende os direitos da criança e do adolescente brasileiros desde 1985, no Espírito Santo.