A Escola Parque, localizada no bairro da Caixa D’Água, em Salvador, vai ser palco de um projeto inovador de visitas guiadas a partir de novembro deste ano. Centenas de alunos e professores terão ações de sensibilização e conscientização para conhecer a importância de painéis, murais, afrescos e telas modernistas que foram restauradas e entregues pelo governo estadual, no dia 10 de outubro, no mesmo local.

"A importância dessas obras de arte é incalculável, já que se inserem no 1º ciclo de Arte Moderna na Bahia, o pontapé inicial da grande revolução na Arte baiana", alerta o restaurador sênior e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), José Dirson Argolo. Ele foi o responsável pelo restauro, contratado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), vinculado à Secretaria de Cultura (SecultBA), e também é responsável pelo tombamento do Conjunto da Escola Parque como ‘Patrimônio da Bahia’ desde 1981.

"Mesmo após a Semana de Arte Moderna de 1922, a Bahia ainda estava apegada às tradições impressionistas e clássicas, e os artistas Carybé, Maria Célia Calmon, Carlos Bastos, Djanira Motta, Jenner Augusto e Carlos Magano se uniram para formar um grupo de Arte Moderna na Bahia, causando grande reação local. Hoje eles são grandes nomes nacionais e internacionais. A Escola Parque tem um acervo único e de grande qualidade", ressalta o especialista.

Preservação

Segundo a assessora técnica do Ipac, Milena Rocha, antes do restauro foram detectados atos de destruição e vandalismo nas obras de arte, o que fez com que a Secretaria de Educação do Estado da Bahia, em parceria com a Secult/Ipac, fizesse a proposta de uma ação continuada de preservação. Para restaurar os painéis, foram investidos R$ 896 mil com recursos do Tesouro Estadual – incluindo o lançamento de um livro sobre a Escola Parque.

"Ninguém protege o que não conhece. Por isso o primeiro passo é conhecer e vivenciar a história da arte na Bahia, o brilhantismo das personalidades da época, como Anísio Teixeira – criador da Escola Parque -, os artistas envolvidos e Diógenes Rebouças (autor do projeto arquitetônico-urbanístico)", diz Milena.

Além do Projeto Visitas Guiadas, a Secult/Ipac deverá promover Oficinas de Cerâmica para que crianças e adolescentes vivenciem o processo de criação de um painel. "A ideia inicial é que cada um produza peças de 20cm X 20cm, ou 40cm X 40cm, para que formem depois um grande mosaico que será a memória física desse aprendizado", detalha a assessora do Ipac. Milena Rocha afirma que essa será uma experiência piloto, mas pode se tornar um projeto permanente para 2015, a partir dos resultados.

Rio Branco

O Ipac já desenvolveu visitas guiadas em outros locais. As obras de restauro do Prodetur NE 2, que recuperaram as igrejas do Boqueirão, Rosário dos Pretos e Pilar, e a Casa das Sete Mortes já haviam sido locais de visitação de estudantes, professores e até turistas, de 2009 a 2011. "Nessa experiência, guiada por restauradores com mais de 30 anos de profissão, mostrávamos os detalhes estilísticos e construtivos de cada edificação, além das etapas da restauração", relata a assessora-chefe da Assessoria Técnica (Astec) do Ipac, Margarete Abud.

Segundo ela, o projeto obteve tanto sucesso que se tornou permanente no Palácio Rio Branco – sede da Secult – também restaurado pelo Ipac via Prodetur NE 2. Mais informações sobre o Projeto Visitas Guiadas podem ser obtidas via telefone (71) 3117-7497 e pelo site do Ipac.