A Secretaria de Cultura do Estado (Secult), via Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), lança na segunda-feira (24), às 17h, na sala Katia Mattoso, na Biblioteca Central dos Barris, em Salvador o livro ‘Bembé do Mercado’. A cerimônia de lançamento integra a 12ª edição do ‘Conversando com a sua História’, iniciativa do Centro de Memória da Bahia e da Fundação Pedro Calmon, que objetiva preservar e difundir a memória histórica, trazendo à comunidade discussões e abordagens atuais sobre os temas programados.

O evento terá a presença da diretora de Preservação do Patrimônio Cultural do Ipac, Etelvina Rebouças, e do gerente de Patrimônio Imaterial do órgão, Roberto Pellegrino Filho. Na ocasião, também serão debatidas políticas de salvaguarda da cultura afro-brasileira que, segundo Pellegrino, "têm a ver com a questão da educação patrimonial, pois é por meio dela que as pessoas entendem o que é o patrimônio e têm a noção de pertencimento e identidade".

Sobre o livro

‘Bembé do Mercado’ é o sétimo volume da coleção ‘Cadernos do IPAC’, que o instituto vem publicando desde 2009. Os volumes anteriores também são referentes ao patrimônio imaterial ou intangível (bens registrados), sendo eles ‘Pano da Costa’, ‘Festa da Boa Morte’, ‘Carnaval de Maragogipe’ ‘Desfile de afoxés’, ‘Festa de Santa Bárbara’ e ‘Ofício de Vaqueiros’. ‘Bembé do Mercado’ trata da manifestação religiosa com esse nome que é Patrimônio Imaterial da Bahia desde 2012.

"O Bembé é muito importante e significado. É estratégico para as populações afrodescendentes porque ali as pessoas foram conquistando seu espaço, e o Bembé é a consolidação desta conquista de espaço", destaca Roberto Pellegrino. O livro tem como base os estudos realizados pelo Ipac que subsidiaram o registro do Bembé do Mercado.

A publicação tem 160 páginas, mais de 170 imagens entre fotografias, mapas e infográficos, e é acompanhado de um vídeo documentário de 52 minutos. Também reúne depoimentos de participantes e organizadores da festa, a exemplo de Maria Umbelina Santos Pinho, a Mãe Belinha.

Sobre a festa

O Bembé é uma manifestação religiosa realizada todos os anos, desde 1889, pelos adeptos do Candomblé, comunidade de pescadores e comerciantes de Santo Amaro. O objetivo – desde o início até hoje, 125 anos depois – é comemorar a abolição da escravatura (daí acontecer sempre no dia 13 de maio), agradecendo aos orixás Iemanjá e Oxum. Começou quando o babalorixá João de Obá armou um barracão, reuniu filhos e filhas de santo, fincou um mastro com bandeira branca e bateu tambores em homenagem aos orixás.

A manifestação é um cCndomblé trazido para a rua e realizado também para evitar infortúnios, ampliar a ventura a todos os habitantes de Santo Amaro, renovar o axé e restabelecer a força vital da cidade. Abrange a tradição dos pescadores de oferecer presentes à Mãe D’Água em agradecimento pelas pescarias. Acontece no espaço público no Largo do Mercado. Apresentações de capoeira, maculelê, samba de roda e o ‘Negro Fugido do Distrito de Acupe’ também estão associadas à festa.